SOBRE
A LIBERDADE DE OPINIÃO
A morte de Fidel de Castro
levantou grandes manifestações de pesar e um coro de protestos, porque este
homem, mentor da Revolução Cubana, foi uma figura proeminente do século XX e
início do XXI porque, pela primeira vez, se rompeu com o status quo, e contribuiu decisivamente para a criação, contra poderosos
ventos e marés, de uma sociedade nova, consolidada ao longo de quase 60 anos,
cujos resultados positivos para o povo cubano são inquestionáveis. Desde o
infausto ou festivo acontecimento, os cubanos em Cuba têm demonstrado o apego à
sua Revolução e o empenho em defendê-la. Lá virão os velhos do Restelo, novos e
velhos, dizer que não houve expontaneidade, foi tudo arrebanhado, mas só se
convencem a si próprios e aos mesmos de sempre.
Um amigo comentou o meu artigo
sobre este tema, afirmando que: as revoluções não se fazem apenas com cravos na
ponta das espingardas…Inteiramente de acordo meu caro e aí está a «nossa»
Revolução de Abril a atestá-lo, com aspectos muito positivos mas também com
outros extremamente negativos, conducentes à situação social, económica e
financeira actual, com mais de 2.000.000 de portugueses no limiar da pobreza e,
em paralelo, cada vez mais milionários (parece obedecer ao princípio dos vasos comunicante!!!).
O que então escrevi, motivou a
indignação de amigas/os meus (não me refiro aos postiços do FB) porque defendi Fidel
(e continuo como tal), um ditador, que massacrou opositores, impediu e impede a
liberdade de expressão aos cubanos.
Ainda hoje, ouvindo um
excelente programa da RDP Antena1, intitulado «Puxar o fio à meada» e
preenchido por vários execelentes oradores de 2ª a 6ª feira, hoje o escritor Rui Cardoso
Martins que se declarou iconoclasta e execrou a idolatria de alguns a Fidel de
Castro. Respeito a sua opinião e já me agradaram diversas das suas prédicas,
mas há uma idolatria, hegemónica no planeta, a do cifrão $, uma religião, essa
sim, que avassala tudo e todos, agravando a miséria e a fome.
Ora aqueles amigos, tal como o
orador referido, sobrepõem a tudo a liberdade de expressão, como a expressão democrática
máxima. Onde é que ela é plena, absoluta? Em Portugal há verdadeira liberdade
de expressão, quando todos os media, publicos e privados, incluindo os
desportivos, são controlados por uma poderosa clique, a mando do grande capital
e não haja receio nem se fuja a afirmá-lo. Por outro lado, os caciques do
estado velho ou os seus descendentes mais algum clero reaccionário, continuam a
dominar amplas regiões do país, sobretudo as menos desenvolvidas, condicionando
as opiniões e as escolhas eleitorais dos cidadãos, desde o 25 de Novembro de
1975.
Além do que se passa neste
país, quais são aqueles onde se exerce a liberdade de expressão em plenitude?
Pois eu respondo: não há nenhum.
Concluindo, voltemos a Cuba,
pergunto: as grandes conquistas da Revolução Cubana, reconhecidas por toda a
gente, mesmo os opositores internos e estrangeiros, devem ou não, ser defendidas ou entregues à voragem da tal liberdade
de expressão, queiram ou não, sempre controlada?