quarta-feira, 14 de novembro de 2018


POR INGENUIDADE OU IRREFLEXÃO?

No FB apareceu um Grupo de Apoio ao Juíz Carlos Alexandre, cujos mentores pretendem atingir os 100.000 aderentes!!!!

Ocorrem-me, de imediato, as seguintes perguntas: porquê e para quê?

A iniciativa em causa pretende apoiá-lo em desagravo de alguma injustiça que lhe foi feita, por quem e quando?

E se entretanto, uma facção contrária, pretender criar, um grupo de agravo ao juiz Carlos Alexandre? Assim como pode aparecer outro grupo ainda, que rejeite aqueles dois grupos, pelas consequências que eles acarretam?

Parece-me evidente a intenção de tomar a defesa deste juíz, tendo subjacentes razões políticas e, pouco importa, se de direita, de esquerda ou do centro, para o enquadramento que os media utilizam e a satisfação dos que os representam.

A propósito, impõe-se ter presente que os Tribunais (no plural) é o nome usado para referenciar um dos órgãos de soberania de Portugal.

Segundo a Constituição Portuguesa, os Tribunais são competentes para administrar a justiça em nome do povo e as suas decisões vinculam todas as entidades públicas e privadas, prevalecendo sobre as de quaisquer outras entidades.

Os tribunais administram a justiça e são o único órgão de soberania não eleito.
Os juízes são independentes e inamovíveis (que não podem ser afastados do seu posto), e as suas decisões sobrepõem-se às de qualquer outra autoridade.

Assim, a tentativa de politizar magistrados é um êrro grave, pela desestabilização que pode provocar no funcionamento da justiça. A politização de um(a) juíz(a) teria consequências para qualquer deles e para a magistratura portuguesa, na medida em que está a por-se em causa as suas independência e imparcialidade, condições sine quanon para o desempenho cabal das suas funções, isto é, julgar sem estar imbuída(o) de quaisquer preconceitos.

Não seria de reconsiderar a manutenção do Grupo de Apoio ao Juíz Carlos Alexandre?








domingo, 11 de novembro de 2018




TEORIA DA CONSPIRAÇÃO? NÃO,

A CONSPIRAÇÃO PROPRIAMENTE DITA



Anteontem ao ler um artigo no DN do prof. José Manuel Pureza, dirigente do BE, fiz o comentário seguinte:

Com todo o apoio da comunicação social ao longo de vários anos, antes e depois de 2015, o BE canta de galo, dando a ideia de que está no centro da política nacional e à volta há o vazio, um pouco como o eucalipto. Ainda hoje na Convenção em curso, numa sala meia cheia ou meia vazia, foi evidente a euforia dos seus dirigentes que levou-os a dizer que querem mais e vir a entrar no governo. Uma pergunta não impertinente: ideológicamente o que é o BE?



Ontem, na sequência do vasto noticiário sobre a Convenção do BE, de onde destaquei e comentei o do DN,  

Então o BE considera-se o dono da «geringonça», foi sua (?) a ideia do acordo de esquerda que Paulo Portas quiz menorizar e perdeu como um flato. Para o BE sem ele não há «geringonça» ... A desfaçatez, a irresponsabilidade, do esquerdismo, sempre em bicos de pés a fazerem-se a ministros, certamente na onda do vereador Robles, apelido famoso na guerra colonial.



O auto-convencimento é de tal dimensão que os dirigentes do BE se esqueceram de que coube a Jerónimo de Sousa, secretário Geral do PCP, manifestar a disponibilidade do seu partido para uma convergência política à esquerda, para apoio a um governo do PS. Lembro de que o Prof. Eduardo Lourenço, a propósito, considerou esta abertura do PCP, um verdadeiro milagre.

Entretanto, creio que nenhum dos jornalistas (desculpem-me se isto não corresponde inteiramente à verdade) que entrevistou os dirigentes do BE, lhes chamou à atenção para a verdade dos factos.

Não se tem posto em causa a proveniência político-ideológica do BE e tão pouco qual a sua opção actual. Diz-se que se trata de um partido de esquerda, aparentemente sem ideologia.

Agora retomo a afirmação que fiz no primeiro comentário de que o BE sempre beneficiou do apoio dos media nacionais e assim continua  inequivocamente a meu ver. É uma realidade que o BE, um partido novo, é dirigido por gente jovem, utilizando vocabulário agressivo  que atrai jovens e menos jovens que tem crescido claramente, embora seja um partido sem programa que se apropria oportunisticamente de reivindicações e polémicas, por vezes convergentes com a direita.

O BE tem crescido em detrimento de que partidos, essencialmente de esquerda, embora por vezes se não afaste da direita? Assim, com a sua representatividade significativa desde a fundação, com a agregação de vários partidos de extrema esquerda, trotsquistas, maoistas e outros, e depois em eleições, verifica-se um aumento da sua influência, à custa do PCP e do PS. Se no PS a quebra de eleitorado em favor do BE é mínima, quanto ao PCP é indiscutível, pois está expressa no número de deputados na AR que o transformou na 4ª força parlamentar, atrás do BE.

Assim, volto à afirmação sobre o apoio constante dos media nacionais ao BE, ao mesmo tempo que o PCP, um partido que tem sempre um programa estruturado, é não só votado ao ostracismo, mas também tudo serve para o atacar, nomeadamente por se manter, ortodoxo (dizem) em termos político-ideológicos, por não se distanciar da Rússia, da Coreia do Norte, da Venezuela e da Síria de Assad e por denunciar, sem equívocos, os malefícios  do liberalismo e a sujeição de Portugal aos ditames da União Europeia, dirigida pelo PPE.

Entretanto, se a perseguição a que tem sido submetido o PCP é uma realidade quotidiana de peso, o partido também tem contribuido para alguma perda de influência junto das portuguesas e dos portugueses, por não se preocupar com a actualização da comunicação com elas e eles, mantendo clichés esgotados que afastam as pessoas, afastamento para o qual contribui activamente a querra que lhe é movida permanentemente.

Por fim, reitero a opinião expressa no título deste comentário, isto é, já não se trata da teoria da conspiração, mas sim de uma actuante conspiração de que beneficia o Bloco de Esquerda e a direita que o tolera, por razões óbvias.




sexta-feira, 2 de novembro de 2018


«TUDO O QUE TENHA OLHOS E ALMA, EU NÃO COMO….»

Este é a grande manchete do Jornal I do dia santo, segundo a Igreja Católica, 1 de Novembro de 2018, a propósito da comemoração do Dia Mundial do Veganismo.

Embora já tenha ouvido falar no veganismo, nomeadamente por um amigo meu que tem netos que o praticam, procurei no Novo Dicicionário da Lingua Portuguesa da Texto Editores, Lda., de 2007, conforme ao Acordo Ortográfico de 1990 que eu rejeito, a definição de Veganismo e, nele, nada consta.

Na wikipedia, encontrei a seguinte a sua definição:

Veganismo é um movimento a respeito dos direitos animais. Por razões éticas, os veganos são contra a exploração dos animais e tudo o que está ao seu alcance e que envolva sofrimento animal, é retirado da sua rotina diária. boicote a atividades e produtos que são contra os direitos dos animais é uma das principais acções praticadas por quem adere ao movimento.

Utilizei aquela manchete do Jornal I como título deste meu comentário, na qual o veganismo rejeita o consumo de tudo aquilo que tem olhos e alma….

A meu ver, o veganismo, na prática, é uma forma extrema, absoluta, do vegetarianismo o que me permite classificá-lo como fundamentalismo.

Inicialmente aplicava-se a expressão fundamentalismo a situações de teocracia, a um conjunto de principios fundamentais, de natureza religiosa tradicionais e ortodoxos, mas ela é hoje alargada a situações de outra natureza, quer as relacionadas com política quer com o comportamento extremista perante a sociedade, pondo em causa conceitos, principios e valores fundamentais

Por mera questão de distinção simples dos fundamentalismos que concitam elevado numero de fervorosos adeptos, adoptemos a escala de 1 a 10 para lhes atribuir a minha classificação pessoal, tendo em conta o seu impacte negativo na sociedade humana, embora sem a pretensão de querer doutrinar sobre o tema, pelas minhas pessoais limitações.

Assim, com o valor máximo impactante, isto é, 10, está a meu ver a irresponsabilidade fundamentalista da rejeição da aplicação de vacinas, de consequências muito graves na saúde pública, pelo que a considero uma actividade criminosa.

No extremo oposto, com reduzido impacte negativo de 1 ponto, relevo o fundamentalismo pelo insólito, da polémica causada por um professor universitário, Daniel Cardoso, se não estou em êrro, no programa da RTP1, Prós e Contras que considerou «uma violência da liberdade dos netos ao terem que beijar os avós».
Relativamente ao veganismo, ao qual atribuo 5 pontos, considero-o fundamentalismo pelo extremismo a que arrasta pessoas para a defesa da generalização de um regime alimentar desigual e insuficiente para uma saúde equilibrada e, a ele associado, a defesa obcessiva do bem estar animal com a secundarização do bem estar humano.

Como veterinário, sempre senti a obrigação profissional e ética de velar pela saúde animal onde se inclui o seu bem estar. A minha formação académica e a dos meus colegas, sustenta a qualidade de vida dos animais e, por consequência, dos humanos, quer na produção das várias espécies destinadas ao seu consumo, como na vigilância sanitária dos animais de companhia e na protecção da saúde pública, duas vertentes essenciais, criadas e melhoradas pelo homem.

O veganismo é uma forma de fundamentalismo que tem implícita a abolição da produção animal, com todas as incalculáveis consequências sociais, económicas, ambientais, de saúde pública e de bem estar das populações.

Com o veganismo não se confundem as várias organizações e pessoas que se reclamam da protecção dos animais, umas mais tolerantes do que outras que têm conseguido reduzir os maus tratos aos animais.

Admita-se que, na visão radical do veganismo, a partir de amanhã, seria imposta a proibição total da aquacultura, da avicultura, da pecuária e toda a gente teria que se alimentar exclusivamente de vegetais, cuja produção mundial actual é insuficiente para a população humana e animal do planeta.

Nesta perspectiva, também não estará fora de causa a defesa do bem estar dos animais selvagens, incluíndo os venenosos, não bastando a intenção de proibir a caça.

Entretanto, a actual produção mundial de animais é de milhares de milhões, aquáticos e terrestres, a maioria vegetarianos ou omnívoros, que passariam a ter o mesmo direito ao seu bem estar que os humanos que, inevitavelmente, teriam de partilhar os mesmo espaços entre si.

Por fim, entrando no domínio da especulação gratuita, o veganismo talvez um dia venha a acrescentar ao seu fundamentalismo, o bem estar das plantas considerando-as seres vivos sensíveis, em detrimento do bem estar humano.