segunda-feira, 30 de novembro de 2015


CRONICAS ICTIOVET

Permitam-me a desumildade ao adoptar este título para as minhas elocubrações actuais e futuras, agora que estou virado para cronicar. Apelo à vossa compreensão.

A televisão e a rádio acompanham-nos quotidianamente, no meu caso, em primeiro lugar é a rádio ao longo do dia, a Antena1 e a Antena2, enquanto que a TV só a ligo à noite. Estranho que a maior parte dos meus amigos não ouve a rádio, ouvê apenas o pequeno rectangulo animado durante o dia inteiro, óbviamente, quando estão em casa, num café ou num clube.

Na Antena1 passam inúmeros programas, uns muito interessantes e outros menos, alguns destes já velhos e coçados que resistem em horário nobre diário, a que somos «obrigados», mais uma transmissão especial ao domingo, de uma hora, como é o caso de «O amor é…», no ar desde a Idade Média ou um pouco depois. Aliás, é nele um excelente comunicador, o psiquiatra Machado Vaz, enciclopédico ao jeito do sábio Gregório Marañon, pois já deu contribuição em vários temas, nomeadamente até no clubismo futebolístico.

Na Antena2 é grande a variedade a que podemos aceder, tanto sobre musica sinfónica ou teatro, literatura, concursos, debates, etc., etc. É um gosto ouvi-los a qualquer hora do dia. Entretanto, o seu director precisa de se reciclar, embora aparente que sabe de tudo e mais alguma coisa, quase sempre com arrogância e atrevimento, com particular aversão a tudo o que cheire a esquerda. Juro mesmo, como dizíamos quando putos, que não é esta a razão da minha abordagem crítica, mas sim a sua postura antipática.

Nas radios e TVs e em todas as manifestações audio, as agressões ao idioma português são uma constante quotidiana confrangedora. Vejamos alguns casos paradigmáticos:

  1. Algo passou-se há um minuto, uma hora, um dia, um mês, um ano, uma década, um lustre, um século, atrás…. Podia ser à frente???? Não se dão conta da redundância???? Há quem venha com a conversa do ago inglês…e a minha mulher pergunta, o que é que nós temos a ver com isso?
  2. Há dias morreu o grande atleta Lomu neozelandês da selecção nacional râguebi. Também o sete nacional de râguebi tem tido bom comportamento internacional. Como se pronuncia a palavra râguebi em quase todos, senão todos, os media nacionais, com os jornalistas à cabeça? Pronunciam reiguebi, porquê, que diabo, porquê? O «nosso» râguebi resultou do aportuguesamento do rugby, preservando-se a pronúncia deste. Ora bem, algum(a) iluminado(a) inglesou o râguebi para reiguebi. Será que não há remédio?
  3. È comum, uma vez mais nos media e na voz corrente, trocar-se a preposição sobre por sob ou viceversa. Alguns exemplos: alguém está sobre o comando, sobre a influência, sobre a acção de tal e tal…isto é, está em cima do comando, da influência, da acção em lugar de, correctamente, estar debaixo de….isto é, sob. Parece que o sob foi irradiado do português.

domingo, 29 de novembro de 2015


 FLAGRANTES DA VIDA REAL

Recordo-me, quando garoto, de ler nas Selecções do Readers Digest que o meu pai assinava, conjuntamente com a Mecânica Popular, uma rubrica com o sugestivo título que «usurpo» agora, onde eu ia logo que abria a revista, pois tinha pequenas crónicas interessantes que muito me entusiasmavam.

Naquela época li o meu primeiro grande romance Quo Vadis e vi depois o filme nele baseado, protagonizado pela Deborah Kerr e pelo Kirk Douglas.

Depois deste pequeno intróito, permitam-me então que trate de alguns flagrantes da vida real.



  1. Agora que o ciclo político mudou, a PàF está ameaçada de ruina. O mais certo, é os dois partidos irem cada um para seu lado, depois de um mero casamento de conveniência, tendo sido mais beneficiado o Portas e o CDS, senão este teria voltado a ser o partido do táxi o que, provavelmente, acontecerá em próximas eleições daqui a 4 anos. Na realidade, depois das manifestações publicas de incoerência e, sobretudo, de falta de palavra e portanto de honra, deverá ser cada vez maior a desconfiança em relação a este antigo jornalista anti-Cavaco (hoje seu acérrimo defensor), reforçada com os comportamentos salazarentos de alguns dos seus porta-vozes que só podem agradar à extrema direita, ao Arrojado, ao Abominável Homem das Neves e quejandos.



  1. Depois do seu governo ter sido chumbado com fragor na AR, os rabos de palha, o amiguismo,  o nepotismo, são as marcas da PàF no quadriénio que passou e até depois dele. Na realidade, depois de venderem a TAP a pataco e à pressa, o cipaio que a executou, agora vai vender o NovoBanco com um ordenado chorudo e pergunta-se: quem lhe vai pagar e porquê? A intenção será vender o dito banco a qualquer preço, seguindo a desastrosa prática relativa à TAP? Estou convencido de que muita gente de direita que sempre foi e é honesta, não aceita a imoralidade daquela venda por um governo demitido, quando outro iria ser empossado a seguir, nem tão pouco estará de acordo com este guloso prémio para um ex-governante, numa clara decisão anti-ética.

  2. O capo da CAP que começou a andar excitadíssimo quando a sua CAF perdeu as eleições de 4 de Outubro, lançou raios e coriscos inflamados contra a possibilidade de entendimento entre o PS e os outros partidos de esquerda, prégando contra a traição de António Costa e seus apoiantes. Contudo, o acordo concretizou-se, o governo tomou posse e, porque há que haver maleabilidade e dobrar a espinha, afirmou enfáticamente que o Ministro João Capoulas é o homem certo, no lugar certo, na hora certa. Viva a ignomínia.

  3. O mesmo capo da CAP brandiu, também hoje, contra a CGTP que quere deslocar, a concertação social do local habitual, para o Parlamento. Quem é que tinha dito isto antes??? Irado acusou também esta central sindical de nunca ter assinado acordos, ser contra os acordos, contra tudo e todos, contra a Padeira de Aljubarrota, contra o Aníbal e os Elefantes, contra o Fernandel e o Tótó e por aí adiante. Certamente a CGTP lhe reponderá à letra e uma coisa é certa, a concertação de que ele gosta, no seu raciocínio da moca, é aquela em que a força do trabalho não pode contar.












quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ESTE GOVERNO NÃO ESTÁ EM ESTADO DE GRAÇA…

Hoje, após os discursos do Cavaco e do primeiro-ministro empossado, logo surgiram os avaliadores de sempre, defensores monolíticos do status quo de apoio à direita, segundo a sua visão vesga, a única hipótese viavel de governação, destacando-se António José Teixeira da SIC que, em tempos, foi um comentador respeitado.

Por outro lado, aquele jornalista fez eco da argumentação de defunta maioria, não tendo vergonha nem pudor mínimo, ao afirmar que a direita ganhou as eleições de 4 de Outubro enquanto que é a esquerda a formar governo. Se a sua direita ganhou porque é que não foi o seu governo a tomar posse agora? Certamente que não quere responsabilizar Cavaco que teve de indigitar António Costa para primeiro-ministro porque, querendo ele ou não, foi obrigado a cumprir a decisão do Parlamento, engolindo assim um grande sapo e, seguramente, batendo com a cabeça nas paredes…

O mesmo jornalista sentenciou, sem rebuço, que o novo governo não está em «estado de graça», tem que prová-lo o que será difícil, esquecendo-se daquilo que foi afirmado pelo ministro das finanças alemão, Wolfgang Schauble e pelo presidente do Eurogrupo Djsselbaum, não pondo restrições a quaquer governo português, como também do comportamento das bolsas e dos (divinos) mercados e até da agência de rating canadiana, e ainda, não menos significativa, a confiança em António Costa manifestada por Frederico Ulrich, presidente do BFI. A isto chama-se sectarismo político-ideológico e deixa muito a desejar o seu patriotismo.

Entretanto, estabeleceu a comparação entre Mário Centeno, o novo ministro das finanças, e Maria Luís Albuquerque, a ministra cessante dessa pasta, considerando aquele sem o peso institucional e internacional desta!!!!! Não será um exagero? O que era esta ministra antes de entrar no governo, contra a vontade do inefável Portas que reagiu com a conhecida decisão irrevogável, revogada logo a seguir? Com base em que escala? Ou quis referir-se apenas ao peso corporal? Convém lembrar, a este ímpar opinador, que Mário Centeno se doutorou na Universidade Harvard dos E.U.A., era quadro do Banco de Portugal e professor universitário o que para si é despiciendo!!!!

Não há forma de esta gente se convencer da mudança operada e para ficar, a bem do povo português.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015



O DESEMPREGO É UMA ABSTRACÇÃO ?……….
«O conceito de desemprego é abstracto», magister dixit a ilustre directora de um diário económico, hoje na Antena1, pouco antes das 9h00 que ali dá a sua opinião toda esta semana. Esta boutade surgiu quando considerou duvidosa a exequibilidade do programa do novo governo, sem se aumentar a despesa, realçando ao mesmo tempo o que de positivo fez a direita nos últimos 4 anos, e depois de confrontada com uma pergunta sobre o desemprego.
Segundo a senhora directora em causa, o desemprego tem vindo a diminuir pois os números do INE atestam-no, afirmação que tem sido repetida à saciedade pelo defunto governo e, mais uma vez, pelas dúzias de formatados pivôs e comentadores, todos afinados pelo mesmo diapasão.
Entretanto, «esquecem-se» de incluir o desempregados de longa duração e aqueles com idade acima dos 45 anos rejeitados pelos empregadores, e também não constam dos dados do INE todos os que frequentam «cursos de formação», em regra inúteis, considerados empregados, para além do emprego precário de dezenas de milhar, senão mais, não esquecendo as centenas de milhar de emigrantes, a maioria quadros superiores de grande qualidade, nos quais o país investiu e que vão enriquecer os países ricos, aliviando-se deste modo o desemprego estimado. Com base nisto, os sindicatos, particularmente a CGTP, e alguns analistas não alinhados, apontam para mais de 1 milhão de desempregados, isto é, o dobro dos apregoados pelo governo, isto é, o desemprego real é de cerca de 20%.
Que dirão os desempregados perante o conceito de desemprego daquela analista abstraccionista?
Espero que o novo governo desfaça a meada e faça chegar ao país o valor verdadeiro do desemprego em Portugal.


domingo, 22 de novembro de 2015


AQUI D’EL REI…

Não há exagero da minha parte em afirmar que hoje em dia, a RTP/RDP é mera caixa de ressonância das posições das direitas, em particular do seu governo, num ataque cerrado à possibilidade de concretização de um governo do PS, apoiado pelo BE, PCP e PEV, isto é, sustentado na maioria parlamentar absoluta.

Na RTP é notória a parcialidade político-ideológica quer nos telejornais, como nos mais recentes programas, nomeadamente no 360º, no canal 8 ou RTP3, n’As Palavras e os Atos, na Grande Entrevista e também nos Prós e Contras, onde a promotora está sempre pronta para ir em apoio destes governantes em gestão, depois do chumbo do Parlamento.

Na RDP é também um fartote quotidiano de apoio ao status quo. Ontem foi entrevistado nesta estação de rádio, João Salgueiro, economista e banqueiro, afinado pelo mesmo diapasão ideológico. Ora bem, hoje durante os vários noticiários da manhã, foram transmitidos extractos dessa entrevista, incluindo no das 13 horas, prenunciando a transmissão integral após a conclusão deste ultimo. De resto, o entrevistado é claro no seu posicionamento contra a possibilidade de um governo legítimo de esquerda e nem titubeou ao preconizar a venda imediata do Novo Banco a qualquer preço… e eu acrescento… em benefício do capital privado.

Dentro desta deliberada atitude de protecção à direita está a escolha a dedo dos participantes nos debates, sejam eles/elas economistas/politólogos/comentadores, clones uns dos outros, apregoando os terríveis perigos que se avizinham com a esquerda a governar.

Vem a talhe de foice pôr a questão sobre a parcimoniosa escolha referida, sempre do mesmo sinal, salientando-se enfaticamente a presença de ex-governantes do PS, igualmente solidários com as políticas que conduziram à actual situação sócio-económico-financeira dos portugueses. Ora, depois da desonestidade intelectual dos governantes, com uso e abuso sistemático da mentira, da crítica soez, em particular, depois das eleições de 4 de Outubro nas quais a direita perdeu a maioria parlamentar absoluta que lhe permitiu cegamente impôr, durante 4 anos, todas as malfeitorias à maioria dos cidadãos e cidadãs, perdeu deputados, perdeu eleitorado, o PS, através do seu secretário geral António Costa, decidiu romper os acordos com o PPD (por coerência com a sua prática ultraliberal, já que de PSD nada tem) e CDS, em rutura com a prossecução das políticas de empobrecimento dos portugueses, de redução das prestações sociais, de destruição do SNS, de desinvestimento na escola publica, em benefício do sector privado, no desprezo pela cultura, pondo acima de tudo a protecção da minoria DDT.

Entretanto, o PS ao entabular conversações com a coligação PàF verificou estupefacto a arrogância dos seus representantes que pretendiam impôr a continuidade da sua política, como se não tivesse ocorrido a mudança substancial com as eleições em 4 de Outubro.

Nestas circunstâncias, o PS iniciou contactos com os outros partidos de esquerda, na procura de uma alternativa político.ideológica à da direita e, após laboriosas negociações com o beneplácito dos respectivos orgãos de cúpula, acordaram na sustentação de um governo, liderado pelo PS, para uma legislatura e, eventualmente, seguintes, legitimado pela maioria parlamentar absoluta, isto é, claramente sufragada pelos eleitores.

Perante a situação desenhada, caíu o Carmo e a Trindade, aqui d’el rei que aí vem a esquerda com o espírito cavernícula salazarento que se esperava ter sido banido, de vez, com o 25 de Abril de 1974. O desnorte, o desespero, o pavor, apossou-se de toda a direita e seus apaniguados, que de cabeça perdida, tiveram como ultima investida anti-democrática a defesa de uma revisão constitucional à la carte, insultando a maioria dos eleitores portugueses representados no Parlamento saído das eleições de 4 de Outubro, com o persistente e intenso apoio da direcção de informação da RTP/RTP.
Será que o pavor destemperado da direita está relacionado com algo escondido?

Neste momento, espera-se que, finalmente, o Presidente da Republica indigite como primeiro ministro o Dr. António Costa e que se entre em normalidade estatutária, com um governo de esquerda, para bem de todos os portugueses e de Portugal.