MINORIZAR??!!!!
Hoje, no noticiário das 13h00 da Antena 1, ouvi
o senhor (?) primeiro (?) ministro, Passos Coelho, utilizar o verbo «minorizar»,
inexistente no nosso vocabulário, à primeira vista, confundindo-o com minorar, provavelmente
pela ânsia de reiterar pela enésima vez, atropelando-se ou por mero desconhecimento,
a sua total confiança na ministra das finanças, Maria Luís Albuquerque.
O momento actual dos governantes deste país e
da maioria que o sustenta atingiu o ridículo, pois não se enxergando, ignorando
o seu lamentável currículo, pretendem inculcar nos cidadãos, verdades que não
passam de puras e descabeladas mentiras.
Começando pelo mais recente, o caso dos swaps, íntimamente relacionados com a
ministra das finanças que mentiu (não vale a pena usar o eufemismo das
inverdades), conforme o comprovaram as declarações do ex ministro Teixeira dos
Santos, do ex secretário de estado do tesouro, do ex director geral dos
impostos e dos documentos divulgados, para além do reconhecimento explícito de
Victor Gaspar, então ministro. Ora bem, perante estes factos, o primeiro-ministro
e os porta-vozes da maioria, têm o desplante de defender a dita senhora, no seu
entender sem mácula. Que conceito de democracia é o desta gente?
Recordemos que a maioria governante foi
eleita, nas últimas legislativas, com base num programa, dito reformista, que
logo a seguir à tomada de posse, foi ignorado e metido a ferros numa funda gaveta,
passando a levar a cabo uma política totalmente oposta àquilo que haviam
prometido, destruidora do estado social, desrespeitadora dos direitos
adquiridos dos trabalhadores da função pública e do privado e, inacreditável
até agora, fazendo tábua rasa do contrato assinado pelo Estado com os pensionistas
e reformados.
Convém lembrar que nenhuma das metas da
governação, apregoada por Passos Coelho e o então ministro das finanças, Victor
Gaspar, ultrapassando os ditames da troica, numa postura mais papista que o
papa, foi cumprida o que conduziu o país e os portugueses ao desastre social,
económico e financeiro actual e à necessidade de um muito provável novo resgate,
com todas as consequências negativas, sempre para os mesmos, isto é, os menos favorecidos
da nossa sociedade.
À terrível situação a que o país e os portugueses
chegaram, criada e sustentada pela maioria e seu governo, num sistemático
incumprimento da palavra, mudando despudoradamente de argumentos no mesmo dia
ou de um dia para o outro, acrescenta-se o desrespeito das regras da democracia
que obrigam à obediência a elementares princípios da moral e da ética. Basta
ter presente que nunca o primeiro-ministro e seus ministros reconheceram os
seus êrros e más políticas, não assumindo assim a óbvia necessidade da revisão
do seu comportamento e actuação, atribuindo sempre a terceiros os seus
fracassos e imposturas, com a maior das desfaçatezes. De resto, a manutenção da
ministra das finanças, depois da sua expressa falta de idoneidade moral e
ética, é demonstrativa da costela antidemocrática do primeiro-ministro, ontem
reforçada com o seu desajeitado apelo à união nacional….
A par do governo e maioria parlamentar (maioria
socialmente perdida) está o presidente Cavaco Silva que os tutela, quer porque
depois da explícita desconfiança no governo e maioria, manifestada no discurso
do dia 10 de Julho, numa pirueta circense considerou, como um mal menor, mantê-los
em funções até ao fim da legislatura. Este presidente da República revelou o
seu pendor autoritário e confirmou, uma vez mais, que não é presidente de todos
os portugueses. O carácter sectário deste homem revelou-se bem no desaforo e
menoridade mental de ignorar, numa visita de Estado, o único Prémio Nobel da
Literatura de língua portuguesa, José Saramago. Esta execrável atitude foi uma
afronta a Portugal, aos portugueses e à cultura universal.