terça-feira, 25 de outubro de 2011

O CONSELHO DE ESTADO E A DEMOCRACIA

O presidente Cavaco Silva resolveu convocar o Conselho de Estado atendendo, depreendo eu, à (muito) grave situação sócio-económico-financeira e a falta de perspectivas positivas a curto médio prazo, senão longo.
Admitamos que na dita reunião suprema se vai discutir a concretização das opções da maioria actual e do seu governo, no seguimento das dos governos anteriores, mas um pouco mais sinistra e, sonhemos, propostas alternativas.
Estou também convencido, embora seguramente não seja alínea na Ordem de Trabalhos escolhida por S.Exa., de que virá à baila a contestação crescente que assumirá dimensão e proporções nunca antes vistas, agora que todas as organizações sindicais se uniram em torno da defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, postos em causa pelas opções governativas depois das promessas insistentemente repetidas durante a campanha eleitoral e integralmente postas de lado em nome da troika e do ultraliberalismo reinante na Europa.
A propósito, olhemos agora para a actual composição do Conselho de Estado que retirei da Wikipedia:

COMPOSIÇÃO ACTUAL DO CONSELHO DE ESTADO
Categoria Membro
Presidente da República (Presidente do órgão)
Cavaco Silva

Presidente da Assembleia da República
Assunção Esteves

Primeiro-Ministro
Pedro Passos Coelho

Presidente do Tribunal Constitucional
Rui Moura Ramos

Provedor de Justiça
Alfredo José de Sousa

Presidente do Governo Regional dos Açores
Carlos César

Presidente do Governo Regional da Madeira
Alberto João Jardim

Antigo presidente da República eleito
António Ramalho Eanes

Antigo presidente da República eleito
Mário Soares

Antigo presidente da República eleito
Jorge Sampaio

Designado pelo Presidente da República João Lobo Antunes

Designado pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa

Designado pelo Presidente da República Leonor Beleza

Designado pelo Presidente da República Vítor Bento

Designado pelo Presidente da República Bagão Félix

Eleito pela Assembleia da República Marques Mendes

Eleito pela Assembleia da República Francisco Pinto Balsemão

Eleito pela Assembleia da República Manuel Alegre

Eleito pela Assembleia da República António José Seguro

Eleito pela Assembleia da República Luís Filipe Menezes




Os primeiros sete membros, incluindo o Presidente da Republica que o preside, são-no por inerência das suas funções, embora o sétimo, figura abjecta que todos e tudo insulta, seja uma verdadeira pústula em Órgão criado pela Constituição de Abril.
Os oitavo, nono e décimo são os presidentes eleitos democráticamente e, por isso mesmo, está justificada a sua presença e o seu mérito indiscutível.
Os seguintes cinco conselheiros foram escolhidos pelo Presidente Cavaco Silva, numa demonstração inequívoca do seu conceito de pluralismo, correspondendo a todas as correntes de opinião do país e depois da sua formal declaração de actuaria sempre como presidente de todos os portugueses. Está pois à vista mais um claro cumprimento de promessas da maioria que comanda este pobre país....
Os restantes cinco Conselheiros de Estado foram eleitos pela Assembleia da República, três do PSD e dois do PS, isto é, escolhas de comum acordo entre os dois partidos, como a quando dos PECs 1, 2 e 3 e de praticamente todas as orientações políticas das ultimas três décadas.
Assim, os eleitos dos outros partidos parlamentares, salvo o CDS que está presente na composição referida, foram ostracizados quer pelo Presidente da Republica como pela Assembleia da Republica, apesar de representarem cerca de 20% do eleitorado português.

Nestas circunstâncias, a montanha do C.E. irá parir um rato pois, questiona-se, quais são as diferenças substanciais que a sua prática nega, embora os representantes dos partidos dominantes se acusem mutuamente pelos desvarios cometidos alternada e consecutivamente? Alguém, nomeadamente os seus membros sem vínculo partidário conhecido, se atreverá a pôr na mesa a discussão de alternativas à actual política? Só por absurdo.

Esta é a democracia portuguesa na sua plenitude!!!!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

FINALMENTE OS RICOS PAGAM A CRISE

Ontem à noite ficou-se a saber, pela boca do senhor Primeiro Ministro, que os grandes culpados pelo «buraco» das contas do país são os funcionários públicos e os pensionistas. Constatada esta verdade absoluta, esses «malvados» terão que pagar pela sua responsabilidade coveira e, vai daí, terão os salários reduzidos e deixarão (até quando?) de ter direito aos subsídios de Natal e de Férias, ou melhor, passarão a receber 12 salários por ano, como o disse hoje na Antena 1, o economista e sub-director do Expresso Nicolau Santos.
Por dever de justiça quero ressalvar que os ditos coveiros mais atingidos pelos cortes são os trabalhadores da função pública e os pensionistas que ganham uns chorudos1000 euros, isto é, são considerados ricos e assim «os ricos que paguem a crise». A propósito, serão indigentes aqueles que disfrutam de Porshes, Ferraris, grandes iates, vivendas e/ou andares luxuosos e se refugiam em paraísos fiscais?.
Assim, é compensador ver finalmente reconhecido o mérito....
Importa enaltecer também que o bom caminho traçado pela maioria governante é reforçado com o aumento do IVA para os 23%, imposto justíssimo pois afecta de igual modo quem ganha 100 ou 100.000 euros. Este acréscimo não terá qualquer efeito negativo sobre o consumo e sobre todos os sectores do comércio, nomeadamente a restauração.
Outra virtude próximo-futura destes cortes será a sua aplicação ao trabalhadores do sector privado, de resto já iniciada com o aumento do tempo de trabalho, redução das compensações por despedimento, sem estar sujeito à justa causa, e outros benefícios para se actualizar o mercado de trabalho, conforme o ditam a troika, a Merkel, a CIP, a CCP, a CAP e outras organizações de produtores....
A juntar a esta política selectiva e progressista não se preconizou qualquer iniciativa para aumentar a produção nacional pelo que já em 2012 o nosso PIB crescerá e não se entrará em recessão.
É interessante verificar o esquecimento sistemático de que o buraco nas «nossas» finanças não se deve à dívida pública mas sim à dívida privada o que joga mal com os bodes expiatórios escolhidos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A CONFIANÇA OU A FALTA DELA?

Pese embora o ruído dos media, dos comentadores oficiosos, dos fazedores de opinião, sente-se, ouve-se, grita-se, o desânimo que invadiu os cidadãos e as cidadãs portugueses e os outros europeus o qual se corporiza nas expressões: «eh pá, isto está feio, muito feio» logo seguida por «gaita, para o ano ainda será pior».
Então porquê esta generalizada e iniludível falta de esperança, embora se tente incutir-nos a ideia de que a situação de aperto, sempre provocada pelos antecessores, é passageira e, logo a seguir, à gravosa e cruel austeridade, virá o shangrilah e cairá prata a rôdos, pois o capitalismo popular (expressão paradoxal de uma dama de ferro enferrujado que destruiu o estado social do seu país) acabará por vingar e seremos todos ricos e felizes para todo o sempre…
De facto, desde há muito tempo, e já lá vão décadas, que é feito um assédio cerrado aos eleitores. com promessas de toda a ordem, repetidas por cada novo grupo mandador que está chegando, nunca cumpridas até agora, mas, as cidadãs e os cidadãos. continuam passivamente, apesar da raiva latente e dos impropérios expelidos porque sentem na pele os malefícios da governação, a dar o benefício da dúvida aos promitentes e a votar neles, conferindo-lhes maiorias mais ou menos confortáveis.
Recordemos, a propósito, algumas das promessas incumpridas:

1ª «Mais ou menos10 anos depois do ingresso na CEE (1986) o nosso nível de vida estará a par do da França e da Alemanha».
2ª «A nova constituição europeia será submetida a referendo pois os portugueses têm de ser previamente ouvidos». Lembremo-nos de que a rejeição da dita por um dos países membros impediria a sua aprovação.
3ª «No nosso mandato de governo iremos criar 150.000 postos de trabalho o que ajudará a reduzir significativamente a actual taxa de desemprego» Na época ela era de 9 ou 10%.
4ª «Se e quando formos governo não aumentaremos os impostos pois os portugueses já foram muito causticados e não aguentariam maior carga fiscal».
Creio que é desnecessário avaliar a falsidade daquelas promessas eleitorais e o terrível impacte da orientação governativa sobre o nosso nível de vida.
Além daquelas promessas vãs é curial denunciar também a farolice e o novo riquismo que foram as grandes parangonas da construção de auto-estradas ligando todas as cidades principais, verdadeiras obras faraónicas para um país pobre como o nosso. Esta foi uma irresponsável opção que estamos e continuaremos, por muito tempo, a pagar quando se devia ter investido, prioritariamente, no apoio e promoção dos jovens e depois, em termos de vias de comunicação, expandir a rede ferroviária com custos de construção e exploração menores, para além de ser ambientalmente muito mais favorável.

Por outro lado, importa também trazer a terreno a actuação da oposição, ou melhor, das oposições e a reacção dos portugueses.

É incontestável a coerência e o empenho permanente na defesa dos trabalhadores por conta doutrem, tanto os operários como os intelectuais, e dos desfavorecidos, de partidos da oposição, particularmente do PCP. A força deste partido na sociedade portuguesa, bem patente nas manifestações, nas lutas sindicais, no combate contra as injustiças é bem maior que a sua força eleitoral. De facto e paradoxalmente o PCP que já teve mais de 17% de votos em legislativas e presidiu a várias dezenas de autarquias, viu reduzida a sua expressão eleitoral, embora tenha estabilizado em cerca de 10%. É claro que não é despicienda a guerra que lhe é movida pelo status quo, com o apoio e intervenção de certo clero.
Nestas circunstâncias, porquê o recuo do PCP em lugar da sua progressão sustentada? A meu ver, em parte deve-se ao seu modo de actuação, seguido disciplinadamente desde o 25 de Abril de 1974. Na verdade e em primeiro lugar, a condenação sistemática e agressiva das políticas de direita não só já não sensibiliza quase ninguém como antes afasta. Não está em causa a justiça da acusação, isto é, são evidentes os efeitos perversos de tais políticas erradas, mas o combate contra elas deveria seguir outra orientação sensibilizadora, até porque esta monocórdica prática tem sido explorada quotidianamente e de modo exaustivo pelos partidos do poder e pelos seus fazedores de opinião, denegrindo a imagem de um partido que, segundo eles, é monolítico e parou no tempo.
É bem verdade que o PCP é o único partido comunista europeu com expressão eleitoral significativa, até porque outros seus homólogos anteriormente, renegaram a designação e os princípios. Contudo tal não basta porque o grande objectivo é a diminuição da exploração do homem pelo homem para se atingir a sua abolição total o que pressupõe o reforço do partido e da sua influência na sociedade, defendendo os seus princípios.
Em determinada altura, muitos portugueses foram sensíveis ao voluntarismo, ao «discurso novo» do BE, apoiado pelos media e afastaram-se do PCP, mas entretanto aquele partido vem perdendo, progressivamente, influência.

Perante esta situação, isto é, o incumprimento sistemático de promessas eleitoralistas e o agravamento das condições de vida por quem tem governado o país, embora com forças políticas aparentemente diferentes, e a consideração de que a oposição, nomeadamente o PCP, não é uma alternativa válida para a maioria, como reagem os portugueses?
A meu ver, a grande crise neste país que afecta os portugueses é a falta de confiança nos governantes, nos deputados, nas instituições do estado. As pessoas não confiam nos políticos e metem-nos a todos no mesmo saco e o desespero, mau conselheiro, até faz alguns (felizmente uma minoria) suspirar pelo antigamente durante o qual o cidadão não tinha que se preocupar com a gestão da coisa pública porque, sem eleições, havia os predestinados que tudo resolviam, comandados pela divina criatura de Santa Comba.

Restaurar a confiança dos cidadãos é tarefa ingente, muito árdua, mas tem que ser levada a cabo.

Não é admissível nem honesto pedir a convergência de todas as forças políticas e sociais para um projecto comum de longo prazo, destinado a recuperar o país, com iguais empenho e sacrifício de todos, quando, logo à partida, se excluem forças consideradas malditas mas que representam cerca de 20% do eleitorado. Creia-se que conjuntamente com os tais «malditos» é possível chegar a um acordo de princípio e aplicá-lo, pondo de parte o afunilamento em curso que prejudica a maioria enquanto uma minoria fica incólume e demonstra ostensivamente sinais de riqueza que afrontam a miséria e a pobreza que afectam cada vez mais portugueses.

Verifica-se (finalmente) que são cada vez mais os «especialistas» de economia e finanças, entre os quais e surpreendentemente está Manuela Ferreira Leite, que defendem a necessidade imperiosa de se renegociar a dívida pois não será possível cumprir o prazo estabelecido com a chamada troika. Comece-se por aí e procure-se o tal consenso indispensável à reabilitação sustentada de Portugal.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

QUEM CALA CONSENTE?

Depois da deliberada afirmação ultrajante do cardeal José Policarpo, subliminarmente dizendo que todos os políticos (nacionais e estrangeiros) são corruptos, não vi nem ouvi, qualquer reacção destes. Será que algum deles já reagiu e eu não dei por tal, embora esteja sempre atento aos media, incluindo os que estão na internet? Caso esteja a ser injusto desde já peço desculpa.
Este ensurdecedor silêncio da classe política portuguesa enquadrar-se-à no sábio aforismo popular, quem cala consente? Não creio que assim seja mas, pergunto-me então porquê? Por distracção, por displicência, por falta de oportunidade, por desprezo ou porque o ofendedor é o chefe da Igreja Católica, onde se revê a maioria dos portugueses e, por isso, se assobia para o lado?
É difícil de compreender qualquer das hipóteses aventadas, pelo que vale a pena aguardar até que a reacção condigna transpareça.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

MISERÁVEL OFENSA

A crise, os críticos, os pequenos sábios de todos os matizes, têm tentado justificar os males que afectam os portugueses, procurando os bodes expiatórios que lhes convêm e ao status quo vigente.
Desde o 25 de Abril de 1974, e com inusitada frequência nos últimos tempos, aparece gente que nunca aceitou a mudança e se empertiga contra a política e os políticos, responsabilizando-os indistintamente pela actual situação sócio-económica, e que, ao mesmo tempo, gozam de injustificadas colossais benesses.
Ora há dias, o patriarca de Lisboa deu uma entrevista a um periódico onde afirmou irresponsavelmente que quem sai da política não tem as mãos limpas, subentendendo-se que todos os políticos são corruptos. Esta categórica ofensa aos políticos deveria ter motivado uma reacção de desagravo na Assembleia da Republica de todos os grupos parlamentares, exigindo ao prelado a sua retratação ou então a confirmação fundamentada da sua boutade.
É inadmissível que o chefe da Igreja Católica portuguesa alegadamente representante religioso da grande maioria dos portugueses se atreva a insultar quem foi por eles eleito democraticamente.
Porque é que o cardeal não respeita os eleitos e denuncia antes as políticas erradas que têm conduzido o país à grave situação actual sem solução a médio prazo?
Concluindo, é imperativo não esquecer a enorme influência, nem sempre benéfica, da Igreja Católica antes e depois do 25 de Abril sobre os portugueses, particularmente no interior do país. Assim, não pode nem deve sacudir a água do capote…

domingo, 25 de setembro de 2011

AS PICARETAS FALANTES

Passaram quase quatro anos desde que publiquei no meu blogue um artigo de opinião sobre este tema, sempre actual pelos vistos. Por isto mesmo resolvi retomá-lo, iniciando-me por aquele artigo e actualizando-o.

«Há uns anos atrás (parafraseando o 1º Ministro, outras figuras publicas, fazedores de opinião, jornalistas, etc. ), hadem de se lembrar certamente que Jorge Coelho, então Ministro, recebeu o epíteto de picareta falante pelo seu característico modo de falar contundente e interminável. Entretanto, este ex-Ministro deixou a cena política mas teve dignos seguidores que, quando intervêm, matraqueiam os ouvintes e telespectadores.
Sem que signifique propor um ranking das novas picaretas falantes, começarei por citar alguém que o é por direito próprio, e também porque é uma senhora, Maria de Belém Roseira, ex-Ministra da Saúde, capaz de dizer mais de 100 palavras por minuto, como acontece nas manhãs das 3ª feiras da Antena 1 (Programa Conselho Superior) que culmina sempre com a intervenção salvadora de Eduarda Maio.
Três «fazedores de opinião» também fazem parte deste grupo: são eles Marcelo Rebelo de Sousa, amante do reiguebi , com a sua proverbial «imparcialidade», profecias incumpridas e insólitos mergulhos no Tejo ; Teresa de Sousa, «independente» mas alérgica a tudo o que cheire a esquerda e Raul Vaz com as suas monocórdicas e intermináveis prédicas. Neste subgrupo poderia, por equívoco, incluir-se Luis Delgado com o seu apaixonado carinho pelo W Bush e pelas armas de destruição maciça de Saddam Hussein, mas tal não seria justo porque só tem uma e essa já passou à estória.
De vez em quando vem à tona o incensado intelectual de direita Pacheco Pereira, picareta falante no seu característico sermão sonolento, o eterno adiado da política desde os tempos do castelo, émulo de D. Quixote brandindo contra tudo e todos, dentro e fora do seu (?) partido, destacando-se a sua «paixão assolapada» pelo PCP.
Dois sindicalistas igualmente picaretas, Ana Avoila com a sua gratuita e redutora antipatia e o «vigoroso e convincente» Nobre dos Santos.
Depois de um longo silêncio ressurgiu agora, com todo o fulgor, outro picareta, Ângelo Correia, ex-Ministro, autor da «intentona dos pregos».
Ainda o ex-Ministro e ex-Comissário da CEE, António Vitorino das Notas Soltas, afirmando democraticamente que «aqueles que não gostam das reformas deste governo têm que se habituar a elas, pois vão continuar».
Por ultimo, o picareta mor, o 1º Ministro José Sócrates dono da verdade absoluta, defensor do «ou estão connosco ou estão contra nós ».

Entretanto, novos picaretas surgiram no firmamento nacional, tanto na política como noutras áreas do quotidiano do país.
Para além do inefável Marcelo, agora com púlpito na TVI, faça-se-lhe justiça, continuando a sua intocável «imparcialidade», vários outros nos matraqueiam assiduamente.
Ocupando destaque pela sua coerência, elegância e urbanidade, está na berra o cacique da Madeira, senhor dr. A.J.Jardim, secundado por vezes e quando é preciso, pelo caceteiro seu lugar tenente e empresário de enriquecimento súbito. Vem a propósito referir que estes dois personagens ilhéus e a explicação sobre a verdadeira situação actual da R.A. da Madeira estão plasmados na obra de um jornalista (Ribeiro Cardoso) publicada em 2010.
Interrompendo hoje a reflexão sobre este tema, já que pretendo voltar a ele em data oportuna, não poderia esquecer como aconteceu em 2007, alguém que consegue falar sem respirar durante 10 minutos sobre o Futebol Clube Porto (é mesmo assim...) e seus inimigos mouros, atirando sempre gasolina para o fogo e, nos antípodas, a actual Ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz que, quando integrava o programa Conselho Superior da RDP Antena 1, começava abruptamente por bom dia/boa semana, saudação seguida de 35 parcas palavras e terminada de sopetão.

sábado, 10 de setembro de 2011

COISAS DO PASSADO?

Uma das frases feitas, brandidas pelos opinadores de serviço e pelos representantes dos partidos do sistema, é que, hoje em dia, não faz sentido falar em esquerda e direita, conceitos e práticas que teriam caído em desuso pelo «evoluir» da sociedade onde a direita e a esquerda se confundem e propugnam objectivos idênticos. Por outro lado e na mesma perspectiva, se diz que deixou de haver luta de classes, Marx nunca teve nem tem razão, e só os fósseis da política continuam a insistir na sua persistência, preconizando a defesa dos interêsses de classe.
Luta de classes para o sistema, reporta-se exclusivamente às «excessivas» reivindicações dos trabalhadores pelas suas organizações representativas, esquecendo «ingénua» e paradoxalmente as outras classes da sociedade e seus interesses divergentes, dos daqueles, frequentemente antagónicos.
Presentemente, com uma clara maioria de direita dirigindo o país, é ainda mais evidente, quotidianamente, aquela falácia, embora já na situação política anterior às últimas eleições legislativas se sustentasse práticas com o mesmo sentido, embora sob uma capa de esquerda imperceptível.
Contudo, os conflitos de classe surgem nas mais diversas situações, particularmente quando os grandes «empreendedores» (hoje diz-se que deixou de haver patrões…) defendem encarniçadamente os seus interesses, tanto nas chamadas reuniões de concertação social como a propósito de qualquer luta laboral, não tendo rebuço em apregoar a necessidade «vital» de se reduzir as prestações sociais, os salários e os outros direitos dos trabalhadores. E a propósito, o governo e a maioria que o sustenta, proclamam farisaicamente a intenção de atenuar as desigualdades sociais e defender os mais desprotegidos, ao mesmo tempo que diminuem as comparticipações sociais, aumentam os impostos, reduzem significativamente os direitos dos trabalhadores (verbi gratiae, a facilitação dos despedimentos, a menor compensação pela perda compulsiva do emprego, etc., etc.) em benefício dos «emprendedores» que não constituem uma classe……..
Perante situações como estas, não têm os trabalhadores por conta de outrem, sejam eles quais forem, o direito e o dever de lutar pelos seus interesses ???

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A CONSCIÊNCIA DO ELEITOR

Há dias ouvi alguém dizer, em jeito de censura, que os votantes eleitores da actual maioria que se aguentem e não se queixem das medidas tomadas agora e a tomar num futuro próximo pelo governo PSD/CDS.
De facto, seria bom e moralmente justo se os efeitos negativos das ditas medidas sobre a maioria dos portugueses afectassem apenas os responsáveis pela eleição em causa, os quais «livremente» expressaram a sua escolha, como aliás tem acontecido ao longo de décadas, desde o 25 de Novembro de 1975. A recessão fermentada por orientações politico-ideológicas erradas, conducentes à grave crise sócio-económica e à bancarrota, «justificam» o recurso às usurárias entidades europeias e internacionais, em nome do deus supremo, o cifrão. Tudo se sacrifica à redução do défice porque a Comunidade Económica Europeia criada em nome de preocupações sociais para o bem-estar dos seus cidadãos está morta até que os europeus acordem.
Contudo, são todos os portugueses que sofrem as gravosas consequências, especialmente os mais desfavorecidos, acrescidos daqueles que antes pertenciam à classe média, hoje quase desaparecida. Também são atingidos os abstencionistas e os que anulam o seu voto porque execram a política e os políticos, suspirando muitos deles pelo antigamente, durante o qual não se preocupavam com eleições, pois alguém velava por todos e tudo o que essa entidade quase divina determinava era o melhor.
Dentro de pouco tempo, senão mesmo já, irá ser cada vez mais difícil encontrar quem se assuma como eleitor que ajudou a pôr «democraticamente» no poleiro a maioria que governa que legisla que preside a Portugal.

domingo, 21 de agosto de 2011

DITADORES BONS E DITADORES MAUS

DITADORES BONS E DITADORES MAUS


Creio que constitui consenso generalizado que todos os ditadores devem ser condenados e tudo se deve fazer para o seu afastamento, em nome da defesa dos direitos humanos. De facto, ditador é sinónimo de tirano, de opressor do seu povo, mais ou menos violento, mas sempre responsável por todas a espécie de sevícias, desde a perseguição, prisão e condenação por delito de consciência, à tortura psicológica e física ao assassínio, quer individual como de massas, estes conducentes ao genocídio.
São tristemente célebres os exemplos anti-exemplares de Pinochet, Trujillo, Somoza, Ceocescu, Idi-Amin, Xá da Pérsia, Suharto, Baptista, Mobutu, Kim il Sung e, lamentavelmente, muitos outros, não esquecendo Salazar que, durante quase meio século, oprimiu os portugueses e os povos colonizados.
Ao longo do séc. XX e do actual têm vindo a desaparecer as ditaduras mais ferozes e sanguinárias, particularmente na América Latina e África, mas também na Ásia e na Europa e as que ainda subsistem têm os dias contados. Esta penosa libertação dos respectivos povos tem-se devido à tomada progressiva de consciência dos seus direitos, à pressão internacional e, não menos significante, o poder dos media, embora com a resistência dos interesses instalados dos donos do planeta que criaram e alimentaram durante décadas regimes ditatoriais.
Entretanto, tem-se tornado evidente e até escabrosa a dualidade de critérios na avaliação dos ditadores, uns são «bons». senão óptimos e, por isso, dignos de protecção e encobrimento, e outros são maus, irrecuperáveis, génios do mal, mesmo que, em certos casos, a definição de ditador seja discutível, sendo mesmo repudiada pelos povos respectivos.
Alguns exemplos de «bons ditadores» são Ben Ali da Tunísia, Mubarak do Egipto, os generais da Myiamar (ex-Birmânia), os coronéis da Grécia e do Brasil, Suharto da Indonésia, Saddam Hussein I do Iraque, etc.
Nos maus incluem-se, de novo, Saddam Hussein II do Iraque antes um bom ditador, um amigo, apadrinhado quando cometeu genocídio, Kaddafi da Líbia, Milosevic da Jugoslávia, Castros de Cuba, Chávez da Venezuela, José Eduardo Santos de Angola, Bashir el Assad da Síria.
Recordemos os casos de Ben Ali e Mubarak que foram expulsos do pelos povos respectivos, fartos do abuso de poder, da corrupção e do nepotismo, erupções que viriam a repercutir-se no Marrocos, na Líbia, na Síria e também na Argélia. Naqueles dois casos, cujos regimes caíram de podres, os guardiães do ocidente primeiro hesitaram no reconhecimento da nova situação porque eles eram bons ditadores e, posteriormente, não tiveram outro remédio senão aceitar e até louvar a mudança.
Ainda outro aspecto relevante e sintomático de dualidade é a «vista grossa» daqueles guardiães para com os generais de Myiamar que continuam intocáveis, apesar da repressão que exercem, tal como em tempos aconteceu com os coronéis da Argentina, da Grécia e do Brasil, Suharto da Indonésia, Mobutu do Zaire, Baptista de Cuba, etc., etc.
Por outro lado, o «poder do bem», através das suas armas convencionais (até quando?) de destruição maciça, caiu sobre a Jugoslávia, sobre o Iraque de Saddam Hussein II e, mais recentemente, sobre a Líbia, actuação «plenamente justificada» para a defesa dos interesses de quem manda…..
Quanto a outros «maus», como os Castros, Hugo Chávez, e José Eduardo, por muitos problemas que subsistam nos seus países, perguntem aos povos respectivos se aceitam o epíteto de ditadores para os seus Chefes de Estado, resposta que inequivocamente têm dado em eleições livres e justas.
É tempo de pôr fim à inqualificável dualidade de critérios e de expurgar todo o tipo de manobras sujas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

CONSENSO? Continuação

... à gravíssima situação actual de Portugal, isto é, desde há 35 anos

CONSENSO?

Ao consultar-se um diccionário de lingua portuguesa verifica-se que consenso significa «acordo, consentimento, anuência, conformidade de sentimentos», e eu atrevo-me a acrescentar convergência de objectivos e realizações.
Assim,o consenso pressupõe o encontro aberto, sem preconceitos ou armadilhas, de TODAS as partes interessadas, a discussão do assunto em causa, dos objectivos a perseguir e do modo e método da prossecução dos mesmos para se atingir os fins pretendidos.
Ora o senhor primeiro ministro Passos Coelho, na qualidade de presidente do PSD, surgiu no local considerado histórico do partido, o Pontal, que já não o é, pois o propriamente dito é em Faro e a magna reunião foi em Albufeira, apelando a um consenso impossível, pois ele e as forças que o suportam, incluindo o PS, impõem à partida a sua formula cozinhada com a troika, definida como uma receita sagrada e portanto intocável.
A actual e próximo-futura situação financeira, económica e social do país,puderá conduzir a muito graves consequências para as portuguesas e portugueses. Parece que muitos deles já tomaram consciência de tal e, pelo menos, algumas e alguns não vislumbram as medidas adequadas para se prevenir tal, bem antes pelo contrário o que puderá acarretar grande conflitualidade social.
Na realidade, esta preocupante situação que já foi detectada há anos, deveria ter motivado o governo e a Assembleia da Republica para a imperatividade da criação de um consenso de TODAS as forças sociais e políticas do país,única via para que todos se empenhassem activamente e compreendessem os sacrifícios de monta necessários, por uma causa justa, a reabilitação do país.
O consenso é possível desde que TODOS sejam chamados a dar o seu contributo e, pelo bem comum, aceitem e apliquem as medidas necessárias.
Ora aquilo que aconteceu até agora foi a construção de um programa por um grupo restrito de forças políticas e seu suporte económico-financeiro, menosprezando-se forças sociais e políticas fora da sua órbita, numa orientação igual à que foi responsável pra gravíssima situação actual de