terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A MULETA


A fábula do sapo que quis ser do tamanho da vaca, tem-se repetido ao longo dos tempos quando alguém incha, incha, incha ao ponto de se julgar maior do que na realidade é.
Este fenómeno evidencia-se agora no firmamento político nacional numa pequena organização partidária da extrema direita parlamentar. Criada após o 25 de Abril de 1974 com o epíteto de democrata-cristã, isto é, fazendo a apologia da doutrina social da igreja católica, pretendendo situar-se ao centro do espectro partidário e defendendo a implantação de uma democracia, onde até caberia o socialismo.
É bem verdade que perante os partidos então legalizados para além de pequenos, mas muito activos, grupos de extrema esquerda e de pseudo-esquerda anticomunista, se considerou que estariam esgotadas as opções políticas, convergiram nos auto-intitulados centristas, genuínos democratas cristãos, saudosos do estado novo e até pró-fascistas convictos.
De qualquer modo a sua expressão parlamentar foi sempre diminuta, com flutuações nos vários actos eleitorais legislativos, chegando a constituir-se como o «partido do táxi». No entanto, a nível social a sua expressão foi significativa, sobretudo graças à influência, nas regiões mais atrasadas do país, de muitos sacerdotes, entre os quais um tristemente célebre cónego, defensores estritos do Deus, Pátria e Família e acérrimos continuadores dos apelos anti-esquerdas, particularmente anti-comunistas. Vem a propósito uma exemplar pinchagem aparecida no filme de 1976 de Fernando Lopes, «Nós por cá todos bem» expressa num muro de uma aldeia da Beira Litoral: «Se Cristo descesse votaria no CDS….»
De qualquer modo, apesar da referida influência ultra, nunca teve grande representação eleitoral o que ainda se acentuou a nível autárquico, tendo até perdido o único município conquistado. Tal resultou da supremacia esmagadora à direita do PPD/PSD que ofuscou este partido.
Contudo, apesar da sua fraca representatividade parlamentar e autárquica, ela foi e é suficiente para constituir maiorias absolutas na Assembleia da República, com o PPD/PSD e, em tempos, com o PS, isto é, tem sido muleta ou apêndice destes dois partidos.
Actualmente, na coligação reinante, é frequente os representantes deste partido, com empáfia assumirem-se como preponderantes, falando grosso e não se coibindo de utilizar slogans salazarentos, inadmissíveis num país democrático. Nele há várias estrelas, mas são duas as mais refulgentes, o responsável do grupo e o porta-voz da maioria na recusa da recente chamada à Comissão respectiva do ministro da economia que escolheu para secretário de estado da inovação o ex-administrador da SLN do BPN a quando das fraudes nela cometidas. Diga-se que o partido maioritário veio, pronta e solicitamente, dar o beneplácito àquela «corajosa» decisão do partido minoritário.
Afinal, parece que, na prática, ultrapassou …