domingo, 21 de agosto de 2011

DITADORES BONS E DITADORES MAUS

DITADORES BONS E DITADORES MAUS


Creio que constitui consenso generalizado que todos os ditadores devem ser condenados e tudo se deve fazer para o seu afastamento, em nome da defesa dos direitos humanos. De facto, ditador é sinónimo de tirano, de opressor do seu povo, mais ou menos violento, mas sempre responsável por todas a espécie de sevícias, desde a perseguição, prisão e condenação por delito de consciência, à tortura psicológica e física ao assassínio, quer individual como de massas, estes conducentes ao genocídio.
São tristemente célebres os exemplos anti-exemplares de Pinochet, Trujillo, Somoza, Ceocescu, Idi-Amin, Xá da Pérsia, Suharto, Baptista, Mobutu, Kim il Sung e, lamentavelmente, muitos outros, não esquecendo Salazar que, durante quase meio século, oprimiu os portugueses e os povos colonizados.
Ao longo do séc. XX e do actual têm vindo a desaparecer as ditaduras mais ferozes e sanguinárias, particularmente na América Latina e África, mas também na Ásia e na Europa e as que ainda subsistem têm os dias contados. Esta penosa libertação dos respectivos povos tem-se devido à tomada progressiva de consciência dos seus direitos, à pressão internacional e, não menos significante, o poder dos media, embora com a resistência dos interesses instalados dos donos do planeta que criaram e alimentaram durante décadas regimes ditatoriais.
Entretanto, tem-se tornado evidente e até escabrosa a dualidade de critérios na avaliação dos ditadores, uns são «bons». senão óptimos e, por isso, dignos de protecção e encobrimento, e outros são maus, irrecuperáveis, génios do mal, mesmo que, em certos casos, a definição de ditador seja discutível, sendo mesmo repudiada pelos povos respectivos.
Alguns exemplos de «bons ditadores» são Ben Ali da Tunísia, Mubarak do Egipto, os generais da Myiamar (ex-Birmânia), os coronéis da Grécia e do Brasil, Suharto da Indonésia, Saddam Hussein I do Iraque, etc.
Nos maus incluem-se, de novo, Saddam Hussein II do Iraque antes um bom ditador, um amigo, apadrinhado quando cometeu genocídio, Kaddafi da Líbia, Milosevic da Jugoslávia, Castros de Cuba, Chávez da Venezuela, José Eduardo Santos de Angola, Bashir el Assad da Síria.
Recordemos os casos de Ben Ali e Mubarak que foram expulsos do pelos povos respectivos, fartos do abuso de poder, da corrupção e do nepotismo, erupções que viriam a repercutir-se no Marrocos, na Líbia, na Síria e também na Argélia. Naqueles dois casos, cujos regimes caíram de podres, os guardiães do ocidente primeiro hesitaram no reconhecimento da nova situação porque eles eram bons ditadores e, posteriormente, não tiveram outro remédio senão aceitar e até louvar a mudança.
Ainda outro aspecto relevante e sintomático de dualidade é a «vista grossa» daqueles guardiães para com os generais de Myiamar que continuam intocáveis, apesar da repressão que exercem, tal como em tempos aconteceu com os coronéis da Argentina, da Grécia e do Brasil, Suharto da Indonésia, Mobutu do Zaire, Baptista de Cuba, etc., etc.
Por outro lado, o «poder do bem», através das suas armas convencionais (até quando?) de destruição maciça, caiu sobre a Jugoslávia, sobre o Iraque de Saddam Hussein II e, mais recentemente, sobre a Líbia, actuação «plenamente justificada» para a defesa dos interesses de quem manda…..
Quanto a outros «maus», como os Castros, Hugo Chávez, e José Eduardo, por muitos problemas que subsistam nos seus países, perguntem aos povos respectivos se aceitam o epíteto de ditadores para os seus Chefes de Estado, resposta que inequivocamente têm dado em eleições livres e justas.
É tempo de pôr fim à inqualificável dualidade de critérios e de expurgar todo o tipo de manobras sujas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

CONSENSO? Continuação

... à gravíssima situação actual de Portugal, isto é, desde há 35 anos

CONSENSO?

Ao consultar-se um diccionário de lingua portuguesa verifica-se que consenso significa «acordo, consentimento, anuência, conformidade de sentimentos», e eu atrevo-me a acrescentar convergência de objectivos e realizações.
Assim,o consenso pressupõe o encontro aberto, sem preconceitos ou armadilhas, de TODAS as partes interessadas, a discussão do assunto em causa, dos objectivos a perseguir e do modo e método da prossecução dos mesmos para se atingir os fins pretendidos.
Ora o senhor primeiro ministro Passos Coelho, na qualidade de presidente do PSD, surgiu no local considerado histórico do partido, o Pontal, que já não o é, pois o propriamente dito é em Faro e a magna reunião foi em Albufeira, apelando a um consenso impossível, pois ele e as forças que o suportam, incluindo o PS, impõem à partida a sua formula cozinhada com a troika, definida como uma receita sagrada e portanto intocável.
A actual e próximo-futura situação financeira, económica e social do país,puderá conduzir a muito graves consequências para as portuguesas e portugueses. Parece que muitos deles já tomaram consciência de tal e, pelo menos, algumas e alguns não vislumbram as medidas adequadas para se prevenir tal, bem antes pelo contrário o que puderá acarretar grande conflitualidade social.
Na realidade, esta preocupante situação que já foi detectada há anos, deveria ter motivado o governo e a Assembleia da Republica para a imperatividade da criação de um consenso de TODAS as forças sociais e políticas do país,única via para que todos se empenhassem activamente e compreendessem os sacrifícios de monta necessários, por uma causa justa, a reabilitação do país.
O consenso é possível desde que TODOS sejam chamados a dar o seu contributo e, pelo bem comum, aceitem e apliquem as medidas necessárias.
Ora aquilo que aconteceu até agora foi a construção de um programa por um grupo restrito de forças políticas e seu suporte económico-financeiro, menosprezando-se forças sociais e políticas fora da sua órbita, numa orientação igual à que foi responsável pra gravíssima situação actual de