CRONICAS
ICTIOVET 8
Estamos em dia de reflexão,
nada de campanha eleitoral, muito embora esta determinação não seja bem vista
nem praticada pelos media nacionais em geral. Contudo, nós vamos cumpri-la.
Surgiu hoje a notícia de que,
em Espanha, o senhor Mariano Rajoy recusou o convite do rei Felipe VI para
constituir governo porque não dispõe de apoio parlamentar, embora tenha ganho
(?) as eleições do passado dia 20 de Dezembro. Entretanto, Pablo Iglesias
presidente (ou secretário geral?) do PODEMOS, declarou publicamente que está
disponível para formar um governo com o PSOE e a Izquierda Unida, para uma efectiva
mudança de política e, até se atreveu a dizer (que despautério!!!), que se
propõe ser vice-presidente desse governo, a chefiar por Pedro Sanchez,
secretário geral do PSOE. Logo a seguir, ou antes, ao mesmo tempo, caíu o Carmo
e a Trindade, com ruidoso alarme, apareceram em Espanha os profetas da desgraça
pondo em causa a realização de tal eventualidade inadmissível, sem pernas para
a andar, sem futuro, pois o PP ganhou aquelas eleições e só ele tem legitimidade
para governar. Por coincidência (ou talvez não), o correspondente da rádio publica
portuguesa neste país, tocou a mesma partitura e augurou a morte prematura do
governo preconisado por Iglesias, com consequentes eleições antecipadas.
Estas peculiares reacções resultam
de uma visão canhestra e desonesta de legitimidade democrática que apenas
existe se em benefício do status quo,
vigente antes de 4 de Outubro e 20 de Dezembro, respectivamente nos dois países
ibéricos. Para os seus apaniguados, de todos os matizes, o novo quadro das côrtes
espanholas, onde a direita ficou minoritária, é ilegítimo e inaceitável num
país ocidental (em relação a quê?) ao pressupôr que participem no governo
partidos anti-sistema até agora considerados marginais e demoníacos.
Coincidências ibéricas, até há
pouco impensáveis que abrem uma janela de esperança para os seus povos, depois
de dezenas de anos de fascismos a que se seguiram outras dezenas de submissão
aos ditames de uma União Europeia dominada pelos interêsses financeiros das
multinacionais insaciáveis, renegando os principios de solidariedade e
preocupação sociail que nortearam a criação da CEE.
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