terça-feira, 7 de maio de 2013


PORQUÊ A AVERSÃO?

Para onde vai este país com estes governantes e a maioria que os sustenta? Como classificar esta gente que nada respeita que atropela princípios que faz tábua rasa de contratos estabelecidos pelo Estado que renega direitos adquiridos?

Por outro lado, esta gente tem revelado aversão visceral pelos funcionários públicos e pelos pensionistas, na sua perspectiva e actuação, os primordiais responsáveis pelo caos financeiro do país. Um dos alegados fundamentos são os elevados salários de que disfrutam, «esquecendo-se» da predominância de quadros superiores licenciados, enquanto no sector privado o nível de escolaridade da maioria é baixo.

De facto, as medidas de austeridade que há dois anos têm sido impostas, são-lhes, em particular, dirigidas, reduzindo salários, pensões, apoios de saúde e sociais.

Porquê?

Relativamente à doentia má vontade contra os funcionários públicos, cujo número é inferior ao de vários países europeus, tem por objectivo principal a intenção de impor o Estado mínimo, apagando o serviço público, privatizando todos aqueles serviços potenciais geradores de lucro. De resto, este princípio começou paulatinamente a executar-se na saúde, na educação, nas empresas públicas quer através da desorçamentação das unidades do Serviço Nacional de Saúde e dos estabelecimentos de ensino publico, ao mesmo tempo que diminuem os quadros de pessoal, impedem o recrutamento de novos quadros e forçam os despedimentos, quer do subsídio e incentivo ao ensino e saúde privados, paralelamente ao aumento das taxas moderadoras e dos custos dos exames complementares e intervenções cirúrgicas, quer à venda ao desbarato de empresas publicas rentáveis, em concursos de duvidosa legitimidade e transparência. Hoje em dia é mais barato e eficaz o recurso aos hospitais e clínicas privadas e das misericórdias do que aos serviços públicos, intencionalmente tornados mais caros e ineficientes.

A saúde e o ensino, para esta gente, devem ser a priori actividades lucrativas, em confronto directo com a Constituição da Republica, isto é, não são direitos universais dos portugueses pois quem tiver dinheiro pode ter saúde e ensino de qualidade, quem não o tiver sujeita-se a qualidade deficiente ou morre ou limita-se à formação básica ou ainda ao semi-analfabetismo.

Os avanços notáveis nestas áreas, reconhecidos internacionalmente, a seguir ao 25 de Abril, estão postos em causa porque, segundo eles e elas, os portugueses não podem continuar a usufruir desses direitos pois não há sustentabilidade financeira para tal.

Relativamente aos pensionistas, igualmente afectados pelas medidas  discriminatórias atrás referidas, são vitimas de indignidade desta gente sem escrúpulos para quem o contrato assinado com Estado, no acto da sua  admissão, há mais ou menos décadas, no serviço público, nada significa e, por isso, é ignorado. Para estes miseráveis vendilhões o Estado não é pessoa de bem, o que conta são os seus interesses de classe e opção ideológica.

Concluindo, a referência a vários economistas e comentadores de direita, por isso insuspeitos, nomeadamente Bagão Felix, ex-Ministro das Finanças, que denunciam o grave atentado aos direitos adquiridos inalienáveis dos pensionistas, perpetrados por estes inqualificáveis governo e maioria que o sustentam.