PORQUÊ
A AVERSÃO?
Para onde vai este país com
estes governantes e a maioria que os sustenta? Como classificar esta gente que
nada respeita que atropela princípios que faz tábua rasa de contratos
estabelecidos pelo Estado que renega direitos adquiridos?
Por outro lado, esta gente tem revelado aversão visceral pelos funcionários públicos e pelos
pensionistas, na sua perspectiva e actuação, os primordiais responsáveis pelo caos
financeiro do país. Um dos alegados fundamentos são os elevados salários de que disfrutam,
«esquecendo-se» da predominância de quadros superiores licenciados, enquanto no
sector privado o nível de escolaridade da maioria é baixo.
De facto, as medidas de
austeridade que há dois anos têm sido impostas, são-lhes, em particular,
dirigidas, reduzindo salários, pensões, apoios de saúde e sociais.
Porquê?
Relativamente à doentia má
vontade contra os funcionários públicos, cujo número é inferior ao de vários países
europeus, tem por objectivo principal a intenção de impor o Estado mínimo,
apagando o serviço público, privatizando todos aqueles serviços potenciais geradores
de lucro. De resto, este princípio começou paulatinamente a executar-se na
saúde, na educação, nas empresas públicas quer através da desorçamentação das
unidades do Serviço Nacional de Saúde e dos estabelecimentos de ensino publico,
ao mesmo tempo que diminuem os quadros de pessoal, impedem o recrutamento de
novos quadros e forçam os despedimentos, quer do subsídio e incentivo ao ensino
e saúde privados, paralelamente ao aumento das taxas moderadoras e dos custos
dos exames complementares e intervenções cirúrgicas, quer à venda ao desbarato
de empresas publicas rentáveis, em concursos de duvidosa legitimidade e
transparência. Hoje em dia é mais barato e eficaz o recurso aos hospitais e
clínicas privadas e das misericórdias do que aos serviços públicos,
intencionalmente tornados mais caros e ineficientes.
A saúde e o ensino, para
esta gente, devem ser a priori
actividades lucrativas, em confronto directo com a Constituição da Republica,
isto é, não são direitos universais dos portugueses pois quem tiver dinheiro pode
ter saúde e ensino de qualidade, quem não o tiver sujeita-se a qualidade
deficiente ou morre ou limita-se à formação básica ou ainda ao
semi-analfabetismo.
Os avanços notáveis nestas
áreas, reconhecidos internacionalmente, a seguir ao 25 de Abril, estão postos
em causa porque, segundo eles e elas, os portugueses não podem continuar a
usufruir desses direitos pois não há sustentabilidade financeira para tal.
Relativamente aos
pensionistas, igualmente afectados pelas medidas discriminatórias atrás referidas, são vitimas
de indignidade desta gente sem escrúpulos para quem o contrato assinado com
Estado, no acto da sua admissão, há mais
ou menos décadas, no serviço público, nada significa e, por isso, é ignorado.
Para estes miseráveis vendilhões o Estado não é pessoa de bem, o que conta são
os seus interesses de classe e opção ideológica.
Concluindo, a referência a
vários economistas e comentadores de direita, por isso insuspeitos,
nomeadamente Bagão Felix, ex-Ministro das Finanças, que denunciam o grave atentado
aos direitos adquiridos inalienáveis dos pensionistas, perpetrados por estes
inqualificáveis governo e maioria que o sustentam.