quinta-feira, 20 de junho de 2013


JOSÉ SÓCRATES ÉS O CULPADO
 

De novo Cavaco Silva demonstrou a sua escolha de inequívoco apoio ao governo, depois da decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucionais algumas normas do OE13, após dúvidas por si levantadas.

Como entender esta surpreendente reviravolta, do chamado mais alto magistrado da nação? Distracção? Estupor? Provocação? Vingança?

A meu ver, o homem talvez estivesse distraído quando, num inusitado relâmpago, despachou favoravelmente a proposta do governo sobre o pagamento do subsídio de férias em Novembro, para os funcionários públicos e pensionistas que auferem acima de 1.100€, contrariando o estabelecido na lei fundamental e prejudicando aqueles e o país. Distraído apenas porque, ao menos, poderia ter aconselhado o primeiro-ministro a mudar a designação do subsídio ou o calendário e as estações do ano, trocando o verão com o inverno…

Estupor, isto é, falta de discernimento? Talvez.

Provocação não, tal implicaria discernimento.

Vingança? Provavelmente, este poderá ter sido um motor, perante a reacção dos funcionários públicos, dos professores em particular, mas também de muitos outros portugueses que o contestam aberta e fortemente, quer nas ruas como nas redes sociais e nos programas de opinião na rádio e televisão quer nas sondagens com a avaliação negativa da sua actuação, numa clara expressão oposta à de qualquer dos outros presidentes eleitos.

Ora é óbvio o apaixonado alinhamento com o governo que, segundo ele insiste, continua a ter toda a legitimidade porque é apoiado por uma maioria parlamentar. Parece que ignora a insistente opinião invectivando o comportamento cívico dos governantes e suas políticas, de figuras de proa do PPD/PSD e também do CDS, nomeadamente Bagão Félix e, relativamente, Pires de Lima. Ainda se fosse apenas gente de esquerda, mas não, a oposição é generalizada a toda a sociedade e o homem não consegue descortiná-lo.

Há dias, um cidadão, no auge da indignação, chamou-lhe palhaço mas eu não estou de acordo porque os palhaços merecem-me todo o respeito e a sua actuação é muito apreciada por miúdos e graúdos. Também não o apodaria de burro porque este simpático animal nada tem de burro.

Mas que ao homem lhe falta algo é uma evidência.

Ah Sócrates que agora estás na berra com os teus pertinentes comentários televisivos, responsabilizo-te pela eleição de Cavaco (com 0,5% de vantagem) quando «obrigaste» Mário Soares (que também não se livra do fiasco Nobre) a candidatar-se, impedindo que Manuel Alegre fosse eleito. Não te livras da indiscutível responsabilidade de termos Cavaco como presidente da república e dos malefícios da sua lamentável magistratura.