A GUERRA CONTRA A SALMONICULTURA NORUEGUESA
O
ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, referiu que uma mentira repetida mil
vezes, converte-se em verdade, princípio este de que se servem os arautos da
desgraça, sem fundamento. São muitos os exemplos e um deles surge
periodicamente na comunicação social, na net, nas redes sociais, por parte dos
detractores da produção animal, particularmente da aquacultura, cultivo,
cultura, criação de animais e plantas aquáticas, com relevo para a
salmonicultura ou cultivo de salmão, um dos ramos da piscicultura ou cultura de
peixes.
Um
nota prévia para afirmar que não me movem quaisquer interesses escondidos em
relação a este país e se abordo o tema, faço-o porque acompanhei ao longo dos
anos o evoluir do processo, em contacto com os meus colegas, nomeadamente
veterinários e biólogos, no âmbito do ICES (International Commission of the Exploration
of the Seas), como representante de Portugal e, in loco, nas salmoniculturas.
Há
pouco mais de um ano apareceu a bombástica notícia seguinte: «Salmão da
Noruega, o alimento mais tóxico do mundo». Recentemente, nova investida, sob o
título «A industria norueguesa de salmão no Chile e seus prejuízos no fim do
mundo».
Oportunamente,
poder-se-à tecer considerações exaustivas, desmontando a atoarda o que de resto
já foi feito em tempos. Estou certo que neste momento tal não se justifica e
limitar-me-ei a contrariar argumentos da falácia.
A
Noruega, principal produtor mundial de salmão, produz anualmente mais de
1.000.000 de toneladas, das quais apenas 5% são consumidos internamente, isto
é, 95% destinam-se à exportação. Esta é uma produção maciça, possível graças às
condições excepcionais dos fjordes da Noruega, em jaulas flutuantes circulares de
grandes dimensões. Presentemente, com a tecnologia e apoio noruegueses e as condições
ambientais no Chile propícias, tornaram este país o segundo produtor mundial de
salmão.
Admita-se
que o salmão assim produzido, desde os anos 80/90 do século XX, era um alimento
tóxico. Ao fim de décadas de exportação do produto para a Europa inteira e
outros continentes, quantos casos foram reportados de intoxicação/envenenamento
pelo consumo de salmão da Noruega? Tanto quanto sei nenhum, pois se tivesse
havido estaria escarrapachado, em grandes parangonas, nos media.
Porquê
então a «guerra» movida contra a salmonicultura noruega e, genericamente, a aquacultura?
Os fundamentalismos, quer o dos defensores da exclusiva alimentação humana com
produtos vegetais, o dos defensores do bem estar animal, secundarizando o bem
estar humano, o dos defensores, à outrance, do meio ambiente e recursos
naturais, dos defensores do regresso às cavernas.
Vem
a propósito a entrevista do Prof. Sobrinho Simões, médico patologista de prestígio
e excepcional homem de ciência, ao jornal I de hoje, cuja manchete é a seguinte:
«Há 100.000 anos quem fosse vegetariano morria. Ficámos espertos porque comemos
carne»....