sexta-feira, 12 de julho de 2019


A GUERRA CONTRA A SALMONICULTURA NORUEGUESA

O ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, referiu que uma mentira repetida mil vezes, converte-se em verdade, princípio este de que se servem os arautos da desgraça, sem fundamento. São muitos os exemplos e um deles surge periodicamente na comunicação social, na net, nas redes sociais, por parte dos detractores da produção animal, particularmente da aquacultura, cultivo, cultura, criação de animais e plantas aquáticas, com relevo para a salmonicultura ou cultivo de salmão, um dos ramos da piscicultura ou cultura de peixes.
Um nota prévia para afirmar que não me movem quaisquer interesses escondidos em relação a este país e se abordo o tema, faço-o porque acompanhei ao longo dos anos o evoluir do processo, em contacto com os meus colegas, nomeadamente veterinários e biólogos, no âmbito do ICES (International Commission of the Exploration of the Seas), como representante de Portugal e, in loco, nas salmoniculturas.
Há pouco mais de um ano apareceu a bombástica notícia seguinte: «Salmão da Noruega, o alimento mais tóxico do mundo». Recentemente, nova investida, sob o título «A industria norueguesa de salmão no Chile e seus prejuízos no fim do mundo».
Oportunamente, poder-se-à tecer considerações exaustivas, desmontando a atoarda o que de resto já foi feito em tempos. Estou certo que neste momento tal não se justifica e limitar-me-ei a contrariar argumentos da falácia.
A Noruega, principal produtor mundial de salmão, produz anualmente mais de 1.000.000 de toneladas, das quais apenas 5% são consumidos internamente, isto é, 95% destinam-se à exportação. Esta é uma produção maciça, possível graças às condições excepcionais dos fjordes da Noruega, em jaulas flutuantes circulares de grandes dimensões. Presentemente, com a tecnologia e apoio noruegueses e as condições ambientais no Chile propícias, tornaram este país o segundo produtor mundial de salmão.
Admita-se que o salmão assim produzido, desde os anos 80/90 do século XX, era um alimento tóxico. Ao fim de décadas de exportação do produto para a Europa inteira e outros continentes, quantos casos foram reportados de intoxicação/envenenamento pelo consumo de salmão da Noruega? Tanto quanto sei nenhum, pois se tivesse havido estaria escarrapachado, em grandes parangonas, nos media.
Porquê então a «guerra» movida contra a salmonicultura noruega e, genericamente, a aquacultura? Os fundamentalismos, quer o dos defensores da exclusiva alimentação humana com produtos vegetais, o dos defensores do bem estar animal, secundarizando o bem estar humano, o dos defensores, à outrance, do meio ambiente e recursos naturais, dos defensores do regresso às cavernas.
Vem a propósito a entrevista do Prof. Sobrinho Simões, médico patologista de prestígio e excepcional homem de ciência, ao jornal I de hoje, cuja manchete é a seguinte: «Há 100.000 anos quem fosse vegetariano morria. Ficámos espertos porque comemos carne»....