HABILIDOSA
AVALIAÇÃO
Foi
hoje publicada no DN, em colaboração com a Universidade Católica, uma sondagem
destinada, no contexto actual, a avaliar as intenções de voto dos portugueses, que
foi divulgada na RDP Antena 1, com a relevância seguinte:
O
PSD foi único partido a recuperar em relação à anterior sondagem em Setembro do
ano passado (28%) e está a apenas 3 pontos do PS (31%) o que, atendendo à
margem de segurança, significa um empate técnico. Todos os outros partidos
perderam votos e têm agora, a CDU 12%, o BE 8% e o CDS 5%.
Deduziu-se
também que a má prestação do governo e as manifestações não afectaram a base de
apoio daquele partido e, por outro lado, a maioria dos sondados não considera
que haja alternativa à actual maioria.
Ora
bem, sem tomar partido nesta questão, o que de facto é penoso mas possível,
atrevo-me a sugerir que se avalie a dita sondagem, promovendo a soma aritmética
das intenções de voto nos partidos da direita, PSD+CDS, isto é, 28%+5%=33% e
depois dos da esquerda, PS+CDU+BE ou 31%+12%+8%= 51%, o que corresponde a uma décalage de 11%, em favor da esquerda
que existe, queiram ou não.
Será
que no contexto actual de desemprego galopante, de empobrecimento de muitos
portugueses, agraváveis com possíveis mais cortes nos salários, nas pensões, na
segurança social, na saúde, na educação e também na cultura, não tem
significado esta escolhida maioria de esquerda?
Creio
que um factor potenciador daquela habilidosa avaliação é o convite formulado
pelo PS ao PCP e ao BE na perspectiva de eventuais acordos, entre os três
partidos, para as próximas eleições autárquicas.
É
tal o pavor pela possibilidade de uma maioria de esquerda se impor com o voto
popular uma maioria de esquerda que se perde o decôro, o pudor, a serenidade e
se tenta capciosamente escamotear a verdade dos factos.