domingo, 7 de agosto de 2022

 300.000.000

É imperativo ter presente de que, neste planeta Terra, 300 milhões de pessoas falam português, i.é., trata-se do 6º idioma mundial e é o principal no Hemisfério Sul.

Impressionou-me ouver (ver e ouvir) uma intelectual grega lembrar e falantes de inglês e francês, que os portugueses andaram por todo o mundo e, os gregos, também foram longe, até à India, e enquanto que o idioma grego, base cultural dos europeus e de outros povos, pioneiro da democracia, da filosofia, do teatro, da democracia, actualmente, só é falado na Grécia, enalteceu o facto de que o português é falante na Europa, na América do Sul, em África, na América do Norte, na Ásia.

Em àparte, aquela senhora grega referiu que quando se decidiu, nos EUA, qual o seu idioma oficial, o inglês ganhou ao grego por um voto!!!

Concluindo, perante o descrito sobre um pequeno país da península ibérica e no extremo da Europa, as portuguesas e os portugueses, têm mais esta razão a acrescer a muitas outras, para sentirem auto-estima que, muitas vezes, subestimam, ou mesmo, não reconhecem.

terça-feira, 28 de junho de 2022

 BRANQUEAR O IMBRANQUEÁVEL

Há acontecimentos que marcaram e continuam a marcar gerações, a minha, a anterior à minha e as posteriores a ela. Um deles é a guerra colonial e a descolonização de Angola, tema recentemente aflorado nas redes sociais, particularmente no FB/Meta, em várias tentativas de branquear os malefícios para o país, para os portugueses e para os povos coloniais, do chamado Estado Novo, decalcado do corporativismo fascista mussoliniano por António de Oliveira Salazar, desgraçadamente, durante 40 anos e que se prolongou com o indeciso Marcello Caetano, num total de quase meio século.
A mais recente abordagem deste tema foi através da divulgação de uma listagem exaustiva de actividades industriais, agrícolas, pesqueiras, etc., etc., já existentes em em Angola em 1974, pretendendo-se com isso contrariar uma alegada afirmação de que a colónia era um território subdesenvolvido.
Acontece que não se deve, nem se pode, escamotear a realidade angolana, marcada por uma marcante data histórica, o ano de 1961, isto é, quando se iniciou a guerra colonial em Angola, rastilho que se propagaria às outras colónias portuguesas.
Assim, há que considerar o período anterior a este marco histórico, o ano de 1961, e o que se lhe seguiu.

1. Antes de 1961 a colónia de Angola era um território subdesenvolvido, também do ponto de vista humano, relativamente à maioria da população.
Lembremo-nos pois, primeiro que tudo, das gritantes desumanas condições de vida da maioria da população, vivendo em habitações precárias, sem saneamento básico nem água canalizada, auferindo salários miseráveis, sem direitos de cidadania, submetida a contratos impostos sem quaisquer regalias, além da discriminação racial e social. 

Relevemos alguns significativos aspectos particulares da situação vigente, antes de 1961:
1.1. A rêde rodoviária, na sua quase totalidade constituída por estradas de terra batida, sujeitas à inclemência meteorológica, enquanto que apenas existiam pouco mais de 100kms de estradas asfaltadas, Luanda a Catete 60, Lobito a Benguela 30 e Luanda a Cacuaco 12.
1.2. Relativamente à educação, o ensino publico primário publico existia em quase todo o território, o secundário confinava-se às cidades principais e o universitário não existia.
1.3. O fraco desenvolvimento da indústria, da agricultura, das pescas.

2. Depois de 1961, o governo colonial acordou do confrangedor marasmo prevalecente e pretendeu, tardiamente, recuperar o tempo perdido. Assim, a governação foi alterada profundamente e é retrato disso:
2.1. Relativamente à maioria da população melhoraram as suas condições de vida e deu-se uma atenuação cosmética, «para inglês ver», da discriminação racial e social, de resto pretensamente consumada no sêlo de povoamento, com 3 caras, de um negro, um mestiço e de um branco.
2.2. Na educação expandiu-se o ensino secundário público e o universitário, surgiu em 1963 com os Estudos Gerais Universitários de Angola, EGUA, tendo um polo central em Luanda e polos descentralizados em Nova Lisboa/Huambo com os Cursos de Medicina Veterinária e Agronomia e Silvicultura e em Sá da Bandeira/Lubango os Cursos de Letras.
2.3. Em 1974 a rêde de estradas asfaltadas era então de 10.000kms!!!
2.4. Ao longo dos anos até 1974 surgiu uma longa lista de novas empresas em todos os domínios de actividade empresarial que fervilhava em todo o território, com repercussão internacional.

Importa recuar agora aos anos 40 e 50 do século XX, quando se consumou o futuro próximo de Angola, marcado pela criminosa obstinação de Salazar, na defesa doentia do ridículo «Portugal uno e indivizível, do Minho a Timor...» ignorando os ventos da História com o fim inexorável do colonialismo e da exploração colonial.
Naqueles anos, representantes de povos das colónias, nomeadamente Amílcar Cabral da Guiné e Cabo Verde, Agostinho Neto de Angola e Marcelino dos Santos, propuseram a Salazar que se entabulasse negociações para a preparação da autodeterminação e ulterior independência das colónias portuguesas, pedido que foi liminarmente por ele rejeitado.
Assim, tudo o que se passou na sequência desta recusa, a guerra colonial com milhares de mortos, estropiados e famílias destroçadas e a descolonização que afectou tremendamente centenas de milhar de portugueses e angolanos, são da responsabilidade exclusiva de António de Oliveira Salazar, pois os seus reverentes acólitos eram meros seus paus mandados. 
Vem a propósito referir que, os saudosos do antigamente, quiseram reescrever a História, para acusar o 25 de Abril de 1974 e os governos que se lhe seguiram, porque nunca aceitaram a independência da colónia e porque aquela  guerra estava ganha e Angola teria continuado Portugal...
A concluir, quero deixar expresso que nasci em Angola em 1937 e ali vivi até 1955, ano em que terminei o liceu e porque não havia Universidade, vim para Portugal onde me licenciei em 1961, tendo regressado em 1962 e ali permaneci até 1975. Vivi pois em Angola e Portugal, o tempo do chamado Estado Novo, o período negro das Histórias de Portugal e de Angola