sábado, 30 de novembro de 2019

TRAGÉDIA DELIRANTE

Há dias, foi noticiado que o presidente Lula iria ser encarcerado de novo, para cumprir uma pena de 17 anos. Provavelmente terá sido uma notícia falsa mas, mesmo que não se confirme este agoiro, o Brasil actual, sob a batuta do inigualável presidente Bolsonaro, está fora da lei, da moral, da ética, da segurança dos cidadãos, mesmo dos seus apaniguados, senão seguirem à risca a sua infecta cartilha.
Os maiores dislates e decisões ultrapassam os níveis da decência e da responsabilidade de alguém que é chefe de estado, o qual não olha a meios para os justificar, fazendo-se acompanhar de gente da mesma igualha. É sua intenção, diversas vezes ameaçada, de instituir a censura sempre que não lhe agrade alguém da cultura ou da comunicação social, de resto já praticada, como foi o caso da Folha de S,Paulo, excluída da lista de periódicos que o governo recebe.
Bolsonaro tentou persistentemente, contra tudo e contra todos, nomear o seu filho Eduardo, como embaixador nos EUA, cujo currículo era insustentável da capacidade para o cargo e não teve outro remédio senão desistir da nomeação. Este é um claro caso de nepotismo, de tentativa de favorecimento de um familiar.
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento, escolhido para o seu governo, declarou que o sambista Martinho da Vila, reconhecido e apreciado em todo o lado, dentro e fora do país, é um vagabundo que devia ser mandado para o Congo, sem especificar qual, naturalmente porque a sua ignorância racista não o permite.
A propósito dos devastadores incêndios na Amazónia brasileira, o presidente do Brasil acusou o actor Leonardo di Caprio de financiar os fogos que os provocam…Um mínimo de pudor e sentido de estado deveria ter impedido tal imprecação.
Jair Bolsonaro foi eleito por influência directa da IURD, da Igreja Evangélica e de outras seitas, que exploram os seus prosélitos, material e psicologicamente, enquanto vivem que nem nababos, fruto do semi-analfabetismo e obscurantismo da sociedade que os subjuga aos ditâmes daquelas organizações fanatizantes.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019


NAQUELE TEMPO, ERA MESMO ASSIM

Pertenço a um grupo de nascidos em Angola, com mais de 65 anos de idade, isto é, adultos no 25 de Abril de 1974, ali criados numa sociedade desigual, social e economicamente, constituída por duas comunidades separadas por condições de vida extremamente diferentes, uma minoritária, predominantemente de brancos de origem europeia, habitando bairros estruturados, mais ou menos confortáveis e a outra, a larga maioria, de negros e alguns mestiços, sobrevivendo em musseques, aldeias de casebres de pau-a-pique e adobe, sem saneamento básico nem água canalisada, excepto uma bica de água nalgumas delas, na periferia das cidades e vilas, em estado de degradante subdesenvolvimento.
Era mesmo assim, até à década de 60 do século XX.
Ainda não me referi a racismo, porque tal pressupõe a existência de várias raças, quando ficou demonstrado cientificamente que há apenas raça humana que foi-se adaptando, ao longo de séculos, milénios, às diversas condições ambientais, dos locais onde se instalou, em diferentes regiões do globo, o que pode explicar a variabilidade da coloração da sua pele, mais ou menos escura, com tonalidades diversas, embora os chamados caucasianos, designados brancos, tenham coloração da pele rosada, avermelhada, amarelada, portanto não branca.
Contudo, apesar da definição actual de uma única raça humana, limitante da definição de racismo, tal não significa que não existisse, em Angola, discriminação dos homens e mulheres negros, votados a um ostracismo inegável, nas condições socio-económicas miseráveis, atrás referidas, com implicações negativas de toda a ordem, nomeadamente na sua saúde e bem estar.
Salvo uma pequena minoria de negros que eram trabalhadores sem qualificação, empregados do Estado e do Comércio (contínuos, auxiliares de limpeza, empregados de mesa, ardinas, cauteleiros, etc.), elas e eles eram, na sua maioria, serviçais, cozinheiros, criados e lavadeiras, nas casas de brancos e de alguns mestiços, sem direitos de cidadania, com baixos salários e nenhuma protecção social. Vem a propósito referir que a chamada maciça de portugueses da «metrópole», a maioria deles sem qualificação profissional, teve como resultado a competição nos empregos mais baixos (acima citados) com os negros, ultrapassando-os e lançando-os no desemprego, porque o ser branco, mesmo analfabeto, conferia-lhe um estatuto de superioridade.
Assim, era bem evidente a supremacia dos brancos e também de alguns mestiços, filhos daqueles, constituídos numa pequena burguesia, sobre os negros, considerando-se normal a ostensiva sobranceria, com o tratamento por tu para crianças, novos e velhos, alimentação escassa e deficiente, não se tendo ou não querendo ter, consciência da clara segregação social, uma dolorosa e indesmentível realidade. O castigo físico, ou o corte no parco salário, como reprimenda à mais pequena prevaricação ou desleixo, era comum, ou então, a queixa à autoridade administrativa que punia fisicamente ou pelo uso de palmatória/chicote e, eventualmente, trabalho forçado. Outro aspecto do abuso exercido pelo estado, eram os contratos de trabalho, estabelecidos entre a autoridade administrativa, os angariadores e as empresas, sem conhecimento nem consentimento dos trabalhadores contratados, que podiam ser deslocados para longe da família e do seu meio, auferindo montantes irrisórios, muitas vezes perdidos nas cantinas dos empregadores, ao ponto de regressarem a casa, (quando regressavam), com um cambriquito (cobertor) e parcos tostões.
A aparente passividade dos negros perante o abismo socio-económico entre as duas comunidades e a ausência de direitos de cidadania, era condicionada quer pela submissão ancestral à autoridade do colono, como pela repressão policial e pidesca, sobre eles exercida, foi-se esbatendo nas grandes cidades, com a tomada de consciência dos direitos humanos, determinante da crescente revolta, terreno fértil para a intervenção progressiva dos defensores daqueles direitos, da sua emancipação, reivindicação de autodeterminação e independência. Foi assim que, em 1961, se deu a sublevação, apesar de violentamente reprimida, primeiro em Janeiro, na Baixa do Cassange, e depois em Luanda em Fevereiro, que se  iniciou em Angola a Guerra Colonial.
A partir de 1961, tarde e a más horas, Salazar viu-se forçado a mudar a sua política colonial, com a patética frase «para Angola e em força», decretando a mobilização de milhares de soldados e, afectando à acção, vultuosos recursos militares e financeiros. Por outro lado, deu-se início a alterações em toda a governação, tendo-se investido nas diversas actividades económicas, comerciais e industriais, antes bloqueadas, para protecção às empresas majestáticas da chamada «metrópole», persistindo o subdesenvolvimento da colónia. Do ponto de vista social, a educação e o ensino passaram a constituir prioridades e as relações sociais entre brancos e negros foram objecto de medidas cosméticas que se podem consubstanciar no chamado «sêlo de povoamento», onde estavam estampados, um negro, um mestiço e um branco… De facto, tarde demais, tudo melhorou em Angola em resultado da eclosão da guerra, o desenvolvimento da colónia que passou a chamar-se província ultramarina, foi uma realidade indesmentível, reduzindo-se a discriminação social, mas a semente reivindicativa da autodeterminação e independência de Angola, pelos movimentos de libertação, tornou-se imparável.
Não é mero detalhe histórico a referência aos milhares de mortos e estropiados, portugueses e angolanos e famílias destroçadas, porque Salazar se recusou obstinadamente a discutir com os movimentos de libertação, a pedido destes nos anos 40/50 do século XX, para a preparação em devido tempo e nas condições adequadas, da autodeterminação e ulterior independência, o que poderia ter evitado que a descolonização de Angola causasse tanto sofrimento a centenas de milhar de portugueses.
Depois desta resenha, onde procurei evidenciar a discriminação social dos negros em Angola, houve manifestações de intolerância de brancos para negros e progressivamente, como sua consequência, de negros para brancos. Ainda hoje, há quem rejeite que em Angola tivesse existido a discriminação social descrita, não aceitando assumi-lo, quando se trata de uma realidade indesmentível. Não está em causa exigir-se sentimentos de culpa, mas sim o reconhecimento da situação discriminatória, o que revelaria humildade e nobreza perante a História que não se reescreve.
Concluindo, trago uma lamentável ocorrência verificada após as eleições legislativas no passado dia 6, através de uma carta divulgada na net, invectivando Jociane Katar Moreira, hoje deputada à Assembleia da Republica, cujo conteúdo é uma manifestação de intolerância primária por ela ter sido eleita, quando  se faz referência a uma mulher estrangeira e ela é cidadã portuguesa, de côr (qual côr? porquê esta referência?), uma designação da gíria racista, e acabando por acusá-la de racista, ingrata, desrespeitosa e sem vergonha, sem a imperativa fundamentação, relevando por fim a sua gaguez, como se se tratasse de uma inferioridade, quando ela revelou coragem, ao aceitar o desafio, de se tornar porta-voz de um partido, o Livre, que a escolheu.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019


VOTAR, UM DEVER CÍVICO, UMA OBRIGAÇÃO DEMOCRÁTICA
O desencanto quanto à política e aos políticos, tem atingido muitos portugueses, ao ponto de declararem que não confiam em ninguém, nomeadamente nos políticos, nos deputados, nos governantes, nos autarcas e tão pouco nos partidos políticos, isto é, metem todos no mesmo saco, como relapsos, corruptos, mentirosos, sem escrúpulos e tantos outros epítetos, mais ou menos ofensivos.
Esta interpretação baseia-se em que fundamentos?
Em primeiro lugar, os comportamentos e atitudes de políticos desonestos, acusados de corrupção, nepotismo, abuso de autoridade e tantos outros crimes, alguns já transitados em julgado, e numerosos outros, cujos processos se arrastam há anos, aguardando pela decisão da Justiça, situação que também põe em causa o funcionamento e a eficiência dos tribunais, acrescendo ao descrédito da opinião publica sobre o estado actual do país.
Contudo, quantos são os acusados ou indiciados? São dezenas, uma ou duas centenas quando, os outros políticos, são socialmente impolutos, desde as mais de três centenas de deputados, aos membros dos partidos e associações cívicas, aos milhares, é profundamente injusto e de má fé, duvidar da sua honestidade e probidade, pois que a esmagadora maioria é gente de bem, digna de todo o respeito e consideração, pelos portugueses.
Para o estado actual da opinião pública negativa quanto aos políticos e à política, contribuem os media, nalguns casos quotidianamente, como o Correio da Manha, o jornal mais vendido e seu canal televisivo, com recordes de audiência, bem como os outros canais televisivos, incluindo os públicos, que formatam uma sociedade onde a iliteracia e o preconceito são preocupantes. Quantas vezes se destroI, sem piedade, a reputação de quem ainda não foi julgado, a qual nunca será recuperada na íntegra, mesmo se acabarem por ser considerados inocentes.
Em resultado deste status quo, tem surgido um irresponsável apelo à abstenção ou ao voto em branco e/ou à votação em organizações partidárias não tradicionais, demagógicas, fundamentalistas, populistas e de extrema direita, usando-se preferencialmente as chamadas redes sociais, como o facebook e outras que influenciam milhões de portugueses.
Os debates televisivos, nos vários canais públicos e privados, têm mostrado a tendência referida, quer a desconfiança pelos partidos tradicionais e a erupção dos fundamentalistas, de que me permito destacar aquele que pôs frente a frente, na RTP1, Rui Rio pelo PSD/PPD e André Silva pelo PAN. O presidente do PSD, imperdoavelmente, não se preparou para este debate, ao desconhecer o programa eleitoral do seu interlocutor, o qual evidenciou o contrário, isto é, estar a par do programa do PSD deixando-se, aquele, enlear por sucessivas rasteiras, algumas sem fundamento, de André Silva, ao mesmo tempo que este deixou claro o seu fundamentalismo, demagogia, impreparação e uma certa irresponsabilidade ao abordar temas nacionais com grande leviandade. O colossal e pretensioso programa do PAN tem cerca de 1200 artigos, que assustou quem o leu, ainda que em diagonal.
Como não tive oportunidade, nem disponibilidade, nem capacidade para digerir tal calhamaço, limitar-me-ei a abordar os pontos seguintes:
1.     Porque me diz respeito como médico veterinário, embora marginalmente, pretende o PAN, criar em cima do joelho, um SNS para cães e gatos, pela comovente preocupação com os velhinhos e seus únicos companheiros, os animais de companhia, à custa das instituições de saúde animal existentes, publicas e privadas, sem a sua avaliação e sem ter consultado os responsáveis das mesmas pondo, uma vez mais, o bem estar animal no topo e nada dizendo ou propondo sobre o bem estar humano.
2.     Vem a propósito chamar a atenção para a demagogia usada para aliciar os amigos dos animais, afectados por uma febre que se tornou moda com implicações de toda a ordem, ao pôr o bem estar animal a par, ou mesmo, acima do humano. A ideia peregrina, com base na lamechice, de impedir todas a actividades com animais, assim como pôr em causa toda a produção animal, sem sucedâneos, essencial à alimentação humana e animal, irresponsavelmente esquecendo o seu tremendo impacte social e económico
3.     A inaceitável imposição, sem alternativa, de refeições exclusivamente vegetarianas em todos os estabelecimentos do Estado!!!!!!!!!, um ditatorial fundamentalismo irracional, causador de desequilíbrio nutricional por se abolir da alimentação a essencial proteína animal.
Além do PAN, partido de criação recente e representatividade diminuta, outras organizações ditas partidárias surgiram, como cogumelos, umas meramente demagógicas e nada credíveis, mas outras têm procedimentos intolerantes e intenções racistas, tentando o aproveitamento abusivo de conotação futebolística e ainda outras, claramente pró fascistas.
Com todos as suas imperfeições e defeitos é indiscutivelmente melhor a democracia, cuja base são os partidos políticos, isto é, não há democracia sem partidos políticos, cujas convergências e divergências são dirimidas na Assembleia da Republica, a nossa casa da Democracia.
Concluindo, é imperativo ter presente a extrema importância de, no próximo dia 6 de Outrubro, ir votar para que se elejam os deputados à Assembleia da Republica que suportarão o futuro governo do país, cortando o passo à  demagogia, à irresponsabilidade e à intolerância, que o tornariam ingovernável e insuportável.


domingo, 25 de agosto de 2019


SALAZAR UM DESCONHECIDO…
De tempos a tempos volta a falar-se de Salazar, António de Oliveira Salazar, personalidade natural de Santa Comba Dão, seminarista, professor de Coimbra, amigo pessoal do cardeal Cerejeira, inicialmente ministro das finanças e depois chefe do governo de Portugal, durante quase 40 anos, ao qual sucedeu Marcelo Caetano até 25 de Abril de 1974.
O regime salazarista que ele intitulou Estado Novo, organizado pela cartilha do fascismo italiano de Benito Mussolini, do qual era fiel seguidor e, também, simpatizante de Adolf Hitler. Na estrutura fascista do Estado Novo teve papel preponderante, além da Mocidade Portuguesa (a Bufa) «formadora de jovens» e a Legião Portuguesa paramilitar, a polícia política, o seguro de vida do estado corporativo, primeiro PVIDE a que sucedeu a PIDE, a criminosa agência torcionária a mando de Salazar que vigiou, perseguiu, prendeu, torturou e assassinou quem pensava diferente do ditador.
O seu carácter obstinado e doentio foi responsável pela guerra colonial e suas consequências calamitosas, porque defendia a indissolubilidade do império, expressa no ridículo Portugal do Minho a Timor, recusando-se a aceitar, os insistentes pedidos, na década de 50 do séc.XX, dos representantes dos movimentos de libertação dos povos coloniais para a preparação atempada da autodeterminação das colónias e ulterior independência, ignorando os dominantes ventos da História. Esta guerra causou milhares de mortos e estropiados portugueses, angolanos, moçambicanos, guineenses e caboverdeanos e abriu um fosso entre as comunidades colonial e lusa. Com a eclosão libertadora do 25 de Abril, uma das medidas principais reclamadas pelos portugueses e colonizados foi a imediata descolonização que viria tornar-se dramática para centenas de milhar colonos.
Nas redes sociais, particularmente no FB, têm surgido panegíricos inflamados sobre esta figura da História de Portugal, aos quais respondem indignados, na intenção de repor a verdade dos factos. A principal razão invocada pelos seus defensores, desinformados ou saudosos, foi a «riqueza» em ouro por ele legada, a sua honestidade e espírito de missão.
1.     Na verdade, Salazar comportou-se como um agiota que acumulou, durante décadas, o metal precioso, sem benefício para a maioria dos portugueses, bastando lembrar que deixou 40% de analfabetos, miséria e fome, ausência de saneamento básico e água canalizada na maioria das terras do interior, instrução primária o nível máximo para grande parte da população, ensino universitário em apenas três universidades (Lisboa, Coimbra e Porto) e restrito a uma minoria, pouco mais de 30kms de autoestrada e estradas miseráveis, muitas delas impedindo a circulação a par e tantos outros «benefícios».2
2.     Um aspecto muito relevante da sua administração deficiente e desastrosa, incidiu sobre as colónias, onde se investiu o mínimo em infraestruturas, no comércio, na indústria, na agricultura e pescas, quase sempre submetidas às empresas majestáticas na chamada metrópole, na educação (apenas dois liceus em Angola!!!) e, como emblema, a mantenção, dos povos colonizados em estado de subdesenvolvimento. Com a eclosão da guerra colonial em 1961, concretamente em Angola, Salazar e seu séquito redescobriram-na, mas já era tarde.
3.     Sobre a propalada honestidade de Salazar, limito-me a perguntar: onde estava a sua honestidade quando, pessoalmente, mandava perseguir, despedir, afastar, prender, torturar e até assassinar quem pensava diferente de si? Onde estava ela ao criar a abjecta censura, a maioria das vezes feita por semi-analfabetos? Onde estava ela quando mandou falsear as poucas eleições, com a participação de «eleitores» escolhidos a dedo, cujas urnas já estavam cheias antes de se iniciarem? Onde estava ela quando mandou esconder todos os desmandos, de toda a ordem, incluindo a corrupção, o nepotismo, etc., dos seus escolhidos? Uma procura exaustiva da sua falta de honestidade até onde chegaria?
4.     Por ultimo o alegado espírito de missão de Salazar, quando e onde? Os factos apontados falam por si.
Vem a propósito referir que um professor e político, acérrimo salazarista, Jaime Nogueira Pinto, de trato afável, que até participou num longo e continuado diálogo na Antena1, com o militante comunista, Ruben de Carvalho, empenhado homem de cultura, considera ele que o regime de Salazar não foi uma ditadura mas antes um regime autoritário, podendo assim considerar-se um percursor de Jair Bolsonaro, inacreditável presidente da Republica Federativa do Brasil que declara, aos quatro ventos, não ter havido a ditadura dos generais, insultando assim o Brasil e o mundo civilizado e os inúmeros brasileiros que sofreram as sevícias por eles perpetradas.
A talhe de foice, vem a notícia da criação de um museu sobre o Estado Novo em Santa Comba Dão, onde nasceu Salazar, cuja câmara municipal é presidida por um autarca do PS. Entretanto, perante a reacção de ex-presos políticos da ditadura e de inúmeros intelectuais, contra a criação de tal museu, apareceu uma tentativa da autarquia de rectificação, afirmando tratar-se de um «Centro Interpretativo do Estado Novo, um mero eufemismo…
Sobre o tema Museu do Estado Novo, embora com outro nome, seria inevitável que se transformasse num Vale de los Caídos à portuguesa, um santuário que permitiria o carpir, mais ou menos violento, dos saudosos do fascismo salazarento e dos pró fascistas actuais.
Concluindo, Salazar é, de facto, desconhecido de muitos por falta de informação, e branqueados por outros, mas não justifica a criação do museu ou do Centro Interpretativo do Estado Novo. Não está em causa esquecer o Estado Novo, uma página negra da História de Portugal, antes pelo contrário, é imperativo que todos os portugueses, actuais e vindouros, saibam o que ele foi, em todos os seus aspectos, isto é, tem de se investir na informação histórica das crianças, adolescentes, jovens e menos jovens, utilizando todos os meios ao dispor da cultura, porque o salazarismo faz parte dela.
Espero ter dado uma pequena contribuição sobre Salazar e o salazarismo, por mim vividos, em Portugal e em Angola.
Uma ultima pergunta: Existe algum museu dedicado a algozes, homólogos de Salazar, como Mussolini, Hitler, Stalin, Figueiredo, Pinochet, Viola, Baptista, o Kmer genocida? Creio que não há.

sexta-feira, 12 de julho de 2019


A GUERRA CONTRA A SALMONICULTURA NORUEGUESA

O ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, referiu que uma mentira repetida mil vezes, converte-se em verdade, princípio este de que se servem os arautos da desgraça, sem fundamento. São muitos os exemplos e um deles surge periodicamente na comunicação social, na net, nas redes sociais, por parte dos detractores da produção animal, particularmente da aquacultura, cultivo, cultura, criação de animais e plantas aquáticas, com relevo para a salmonicultura ou cultivo de salmão, um dos ramos da piscicultura ou cultura de peixes.
Um nota prévia para afirmar que não me movem quaisquer interesses escondidos em relação a este país e se abordo o tema, faço-o porque acompanhei ao longo dos anos o evoluir do processo, em contacto com os meus colegas, nomeadamente veterinários e biólogos, no âmbito do ICES (International Commission of the Exploration of the Seas), como representante de Portugal e, in loco, nas salmoniculturas.
Há pouco mais de um ano apareceu a bombástica notícia seguinte: «Salmão da Noruega, o alimento mais tóxico do mundo». Recentemente, nova investida, sob o título «A industria norueguesa de salmão no Chile e seus prejuízos no fim do mundo».
Oportunamente, poder-se-à tecer considerações exaustivas, desmontando a atoarda o que de resto já foi feito em tempos. Estou certo que neste momento tal não se justifica e limitar-me-ei a contrariar argumentos da falácia.
A Noruega, principal produtor mundial de salmão, produz anualmente mais de 1.000.000 de toneladas, das quais apenas 5% são consumidos internamente, isto é, 95% destinam-se à exportação. Esta é uma produção maciça, possível graças às condições excepcionais dos fjordes da Noruega, em jaulas flutuantes circulares de grandes dimensões. Presentemente, com a tecnologia e apoio noruegueses e as condições ambientais no Chile propícias, tornaram este país o segundo produtor mundial de salmão.
Admita-se que o salmão assim produzido, desde os anos 80/90 do século XX, era um alimento tóxico. Ao fim de décadas de exportação do produto para a Europa inteira e outros continentes, quantos casos foram reportados de intoxicação/envenenamento pelo consumo de salmão da Noruega? Tanto quanto sei nenhum, pois se tivesse havido estaria escarrapachado, em grandes parangonas, nos media.
Porquê então a «guerra» movida contra a salmonicultura noruega e, genericamente, a aquacultura? Os fundamentalismos, quer o dos defensores da exclusiva alimentação humana com produtos vegetais, o dos defensores do bem estar animal, secundarizando o bem estar humano, o dos defensores, à outrance, do meio ambiente e recursos naturais, dos defensores do regresso às cavernas.
Vem a propósito a entrevista do Prof. Sobrinho Simões, médico patologista de prestígio e excepcional homem de ciência, ao jornal I de hoje, cuja manchete é a seguinte: «Há 100.000 anos quem fosse vegetariano morria. Ficámos espertos porque comemos carne»....

sábado, 4 de maio de 2019


A ELEQUÊNCIA DO FIDEDIGNO

Poderá dizer-se que o mundo, quer o considerado civilizado pelos media como o outro, tem seguido com apreensão o que se tem passado no NE da América do Sul, desde o dia 23 de Janeiro do ano corrente, culminando com o inacreditável espectáculo do dia 30 de Abril deste ano, e a pretendida, mas não conseguida, continuação no 1º de Maio.
Tomo agora como ponto de referência estes dois acontecimentos que abordarei o mais sucintamente possível.
O início de uma guerra de nervos e quase nenhuma violência, deu-se com a autoproclamação de presidente interino da Venezuela por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, num comício com milhares de apoiantes seus, acompanhada com grande alarido e uma densa cortina de fumo, pela imprensa internacional, incluindo a portuguesa, anunciando a «libertação do povo venezuelano do alegado jugo ditatorial de Nicolás Maduro».
A 30 de Abril, com a pretendida extensão, desconseguida,  no 1º de Maio pelo seu significado para os trabalhadores, o autoproclamado interino, deu a entender que estava em curso a sua tomada de poder, pois passara a contar com «muitos militares», desertores das forças armadas nacionais (e o apoio dos EUA, Colômbia, Brasil e UE, acrescento eu) e, os media atrás referidos, apressaram-se a anunciar a tomada da Base Aérea de Carlota por apoiantes do autoproclamado interino. Acrescente-se que várias actuações provocatórias armadas foram desenvolvidas no sentido de uma resposta maciça das forças armadas, eventualmente com baixas de ambas as partes, com vista a justificar uma intervenção dos EUA. Algum sangue frio e força anulou as provocações. Recordo, a propósito, que foi noticiada, esta semana, a preparação, nos EUA, de um contingente de 5000 seguranças para a eventual intervenção.
Qualquer destas tentativas de golpe, foi publicitada como de muito rápida consumação, de destituição de Maduro, atendendo ao maciço apoio popular à insurreição e eminente adesão dos militares de alta patente.
Apesar da bombástica proclamação de que a situação se resolveria rapidamente, tal não aconteceu e, felizmente, com apenas 5 feridos, 2 em estado grave, nos militares.
Do ponto de vista diplomático os resultados também não foram brilhantes. Trump, presidente dos EUA, e mentor do autoproclamado interino tomou a dianteira, tendo tentado tudo para obter o apoio da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da ONU, a uma eventual ingerência militar directa na Venezuela, depois do apoio da UE, incluindo Portugal. Debalde, nada mais lhe foi favorável pois na OEA não conseguiu a imperativa aprovação de 2/3 dos países membros e na ONU, apenas 54 estiveram do seu lado e 123 votaram contra. Estes dados são fidedignos mas, por coincidência ou talvez não, nunca foram divulgados com a mesma ênfase à que foi dada aos acontecimentos em favor do autoproclamado interino.
Assim, são evidentes as derrotas de Trump, do autoproclamado interino e dos países e organizações que, desde o início, aceitaram e defenderam empenhadamente, embora alguns com um quase nim, como Portugal.
Importa agora aflorar o hipócrita porquê desta «guerra» contra o governo da Venezuela, particularmente contra Nicolás Maduro, que segundo a maciça propaganda no país e no mundo, ele tiraniza o seu povo e é um usurpador do poder. Subjacente a esta problemática está o retratado no cartoon, publicado no FB, de um autor brasileiro não identificado, o petróleo venezuelano.
Podem não querer e percebe-se porquê, que Maduro é o presidente legítimo da Venezuela, eleito por mais de 6,5 milhões de eleitores venezuelanos, em compita com três adversários da oposição, eleição considerada justa e livre, por organizações independentes.
A falta de apoio popular venezuelano a Maduro foi desmontada pelas grandes manifestações de apoio que nem o repórter da RTP, Helder Silva, conseguiu esconder, tendo tentado mistificá-las, ao ponto de afirmar, sem pudor nem vergonha, que eram essencialmente funcionários…jornalista este que disse ter entrado no país clandestinamente pois receava as autoridades locais, isto é, esteve na Venezuela durante um mês como turista, sem ser importunado por qualquer autoridade o que é obra!!!! Não deram por ele, embora controlem tudo e todos, nem sequer ouveram (ouviram e viram) as suas reportagens sempre tendenciosas, em favor do autoproclamado interino.
Concluindo, aproveito para lembrar que um militar da força aérea venezuelana, o general Ornelas Ferreira, lusodescendente, expressou publicamente o seu inequívoco apoio ao governo legítimo, liderado por Nicolás Maduro e, estou convicto, de que muitas(os) outras(os) cidadãs e cidadãos com as mesmas origens o apoiam. Mais uma vez, por coincidência ou talvez não, nunca foram entrevistados pelos repórteres das televisões portuguesas, os quais apenas encontraram opositores ao governo do país.



domingo, 24 de março de 2019

CUBA,
O ÚNICO INTERVENIENTE ESTRANGEIRO NA VENEZUELA, SEGUNDO ASSIS

Na segunda-feira 18 de Março realizou-se, na RTP1, mais um programa Prós e Contras, coordenado por Fátima Campos Ferreira, tendo constituído, como é hábito, duas mesas, uma Pró e outra Contra, sobre a situação na Venezuela.
Na mesa dos presumivelmente Pró, foram convidados o deputado comunista António Filipe, não sabe se a título individual se em representação do PCP e Tiago Moreira de Sá, responsável pela Comissão de Relações Internacionais do PSD.
Na outra mesa, a priori Contra, ficaram o secretário de estado das comunidades, José Luís Carneiro, e o eurodeputado do PS Francisco Assis.
Nos contactos via Skype, esteve um conselheiro das comunidades lusovenezuelanas, um padre e um médico, membro da Associação de Médicos LusoVenezuelanos, e na plateia todas(os) elas(es) luso-venezuelanos, além do repórter da RTP1 Helder Silva e o Camara Araújo que se manifestaram uniformemente contra o governo do país
Quem esteja interessado em ouver (ver e ouvir) exaustivamente todas as intervenções, poderá recorrer à gravação disponível nas várias operadoras de TV.
A primeira palavra foi dada pela coordenadora do programa ao advogado e deputado do PCP, António Filipe. Perante a introdução crítica ao governo da Venezuela, concordou que a situação é grave e preocupante. Sublinhou que não estava ali unicamente para defender o governo de Nicolás Maduro mas anotou que a crise resulta sobretudo do boicote de há vários anos dos EUA, acentuado nos últimos meses, o que impede as trocas com o mercado externo, para aquisição produtos de primeira necessidade, incluindo medicamentos e outros bens, mas também a exportação dos seus produtos petrolíferos. Referiu ainda que Nicolás Maduro é o legítimo presidente eleito no país e criticou aqueles que reconheceram o abusivamente autoproclamado presidente interino Guaidó.
A seguir aflorou a unânime rejeição dos entrevistados via Skype e da plateia, à tèse exposta por António Filipe, quer quanto às causas da crise, no seu entender da responsabilidade exclusiva de Maduro e dos seus apoiantes, como relativamente à não validade da auto proclamação de Guaidó, alegadamente prevista na Constituição, segundo uma advogada ali presente, manifestando-se ainda vários participantes a favor da intervenção no país pelos EUA. De seguida, António Filipe, professor de Direito Constitucional, contestou aquela referência constitucional.
Falou depois o Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, explicando a posição do governo, com os objectivos essenciais de apoiar e proteger a numerosa comunidade lusa residente e associar-se aos membros da UE e de países amigos, no reconhecimento de Guaidó como presidente interino, mas rejeitando qualquer intervenção estrangeira, defendeu o diálogo, como única forma de resolução pacífica do confronto.
Tiago Moreira de Sá, Responsável pela Comissão de Relações Internacionais do PSD, cuja escolha para a mesa Pró ficou por explicar, foi mais um interveniente contra o governo da Venezuela.
Chamado a intervir o repórter da RTP1 Helder Silva, revelou que no mês inteiro em serviço ali, esteve sempre como turista, pois não quis arriscar-se a legalizar a sua presença junto das autoridades, temendo a sua detenção…(um mês inteiro com visto de turista, exposto pelas câmaras, várias vezes por dia e nada lhe aconteceu, numa ditadura implacável, porquê?). Depois desta estranha comunicação, Fátima Campos Ferreira, num laivo de momentânea independência, perguntou-lhe como explicava o facto de haverem manifs pró Maduro de dimensão idêntica às de Guaidó, ele respondeu de imediato: «Eram todos funcionários !!!», depreendo que trabalhadores da função pública…e eu pergunto, os apoiantes de Guaidó eram todos mercenários?
Escolhi para concluir, a participação do outro membro da mesa Contra, o eurodeputado do PS Francisco Assis que deixou clara a sua condenação de Nicolás Maduro e seus seguidores, pelo seu comportamento antidemocrático e fechou, com chave de lata ferrugenta, a sua proclamação afirmando, ipsis verbis : «A única intervenção externa actual na Venezuela é de Cuba»…

sábado, 9 de março de 2019


A SABOTAGEM COMO MEIO DE PRESSÃO

A principal notícia de hoje sobre este martirizado país é o apagão que dura há mais de 40 horas!!! Qual é a dúvida de que o apagão resultou de sabotagem por ordem do Trump ao seu protegido Guaidó, o autoproclamado interino?
Depois do desenfreado aumento das restrições, com a mesma origem, tudo serve para desestabilizar a Venezuela.
Os media nacionais e os dominantes internacionais nunca tiveram uma interpretação mínimamente honesta, responsabilizando o cerco económico que impede a Venezuela de abastecer-se dos produtos de primeira necessidade e outros, no mercado internacional, devido ao boicote que é exercido sobre este país? Que a falta de medicamentos e de víveres, devida ao ininterrupto cerco ao longo de anos, agravada nos últimos meses é a causa principal das carências de que o seu povo sofre?
A propósito, pergunto: Qual é o país autossuficiente, isto é, que não precisa de se abastecer no mercado externo para complementar as suas necessidades, insuficientes no mercado interno?
Até hoje, há um único país tem conseguido resistir ao cerco imposto, há mais de 6 décadas, pelos EUA, ajudado por amigos e traidores dos mais diversos matizes e com maciça propaganda, agora auxiliada pelas malignas redes sociais. Apenas um, Cuba.
Entretanto, é comum ver e ouvir a nada inocente e injusta pergunta: «Como é que a Venezuela, possuidora de uma das maiores reservas petrolíferas do planeta, não consegue melhores condições de vida para o seu povo?». Santa hipocrisia, então como se a sua exportação para o mercado mundial, está impedida pelo boicote do Trump e seus aliados, reforçado com a ameaça de retaliação para os outros?


A SABOTAGEM COMO MEIO DE PRESSÃO

A principal notícia de hoje sobre a Venezuela, é o apagão que dura há mais de 40 horas!!! Qual é a dúvida de que o apagão resultou de sabotagem por ordem do Trump ao seu protegido Guaidó, o autoproclamado interino?
Depois do desenfreado aumento das restrições, com a mesma origem, tudo serve para desestabilizar a Venezuela.
Os media nacionais e os dominantes internacionais nunca tiveram uma interpretação mínimamente honesta, responsabilizando o cerco económico que impede a Venezuela de abastecer-se dos produtos de primeira necessidade e outros, no mercado internacional, devido ao boicote que é exercido sobre este país? Que a falta de medicamentos e de víveres, devida ao ininterrupto cerco ao longo de anos, agravada nos últimos meses é a causa principal das carências de que o seu povo sofre.
A propósito, pergunto: Qual é o país autossuficiente, isto é, que não precisa de se abastecer no mercado externo para complementar as suas necessidades, insuficientes no mercado interno?
Até hoje, há um único país que tem conseguido resistir ao cerco imposto, há mais de 6 décadas, pelos EUA, ajudado por amigos e traidores dos mais diversos matizes e com maciça propaganda, agora auxiliada pelas malignas redes sociais. Apenas um, Cuba.

Entretanto, é comum ver e ouvir a nada inocente e injusta pergunta: «Como é que a Venezuela, possuidora de uma das maiores reservas petrolíferas do planeta, não consegue melhores condições de vida para o seu povo?». Santa hipocrisia, então como, se a sua exportação para o mercado mundial, está impedida pelo boicote do Trump e seus aliados, reforçado com a ameaça de retaliação para os outros?

sábado, 23 de fevereiro de 2019


A ABERTURA DA CAÇA AO VOTO
Abriu a caça ao voto para as eleições que se avizinham, com fogo de artifício e foguetes, lá para os lados da direita nacional. É o CDS, cuja presidente e gauleiters já o julgam líder da dita, o PPD/PSD, fraquinho, fraquinho, a Aliança liderada por um «Jovem de Portugal, extremista dos anos 50/60, do séc. XX», primeiro ministro por dias e sempre inconstante, o PPM, o PNR, o MRPP, etc., etc. e, quantos mais melhor, para a democracia.
O primeiro passo com estrépito foi dado, de braço dado, por Cavaco que saíu da  hibernação após um sono profundo num qualquer sarcófago egípcio, provavelmente por causa dos solavancos sobre o Pavilhão Atlântico do seu genro, de braço dado dizia, com Passos Coelho, o ex-primeiro ministro, que nunca aceitou, ele e o séquito respectivo, partidário e comunicacional, a solução de governo do PS, com apoio da esquerda que resultou muito bem para a maioria de todos nós.
Os argumentos de topo destes políticos e dos media em geral, incluindo-se os de serviço público, já são martelados quotidiana e intensamente, há muitas semanas ou meses, como a austeridade de 2010 a 2015 que não acabou e foi antes agravada, os impostos aumentaram, os cortes nos salários e nas pensões persistiram, a taxa de desemprego agravou-se, o nível de vida dos portugueses baixou, a dívida pública cresceu, as exportações diminuíram, o SNS está decrépito, os professores, os enfermeiros, os técnicos de diagnóstico, os juízes, os oficiais de justiça, os polícias e gnrs, os guardas prisionais, estão em greve quase permanente, enquanto que, na anterior legislatura, o sossego era total porque, as causas de contestação, são fruto exclusivo da «geringonça», assim intitulada, com intuitos pejorativos, por Paulo Portas, hoje guru, banqueiro e conferencista.
É preciso reagir, não deixando para a véspera dos pleitos eleitorais, desmascarando a campanha laboriosamente orquestrada com todos os muitos e diversificados apoios, alguns subliminares, trazendo à colacção os indiscutíveis números que atestam exactamente o contrário do que a propaganda da direita apregoa.
Esta luta tem de começar agora, levá-la às portuguesas e portugueses e não deixá-la para amanhã.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019


VENEZUELA AGORA

O único presidente eleito da Venezuela é Nicolás Maduro e, não são as manobras de desestabilização e desacreditação montadas pelo maniqueísmo dos bons e dos maus, praticado em quase todos os media nacionais e internacionais que conseguem pôr em causa esta verdade indesmentível.
Porque será que não se deu igual tempo de antena à grandiosa manifestação de apoio ao governo do presidente Maduro, como aconteceu com aquela, igualmente gigantesca, de que se aproveitou Juan Guaidó, um jovem venezuelano oportunista, sedento de poder, logo apoiado, como se esperava, pelo inefável Trump, pelos amigos onde lamentavelmente se inclui, com pezinhos de lã, o governo português e até pela comissão executiva da UE? Refira-se que também os esquerdistas, ainda sem ideologia demonstrada, alinharam com a direita, na acusação de falta de democracia na Venezuela, como já o disseram em relação a Angola, fazendo a hipócrita apologia de eleições livres e justas.
Muita gente está tão encharcada pela propaganda que nem se dá conta da idiotice e do logro em que caem. Com base em quê, se abre um precedente de consequências incalculáveis? Pelo descontentamento de muitos venezuelanos, mas, não se ignore, também pelo agrado de muitos outros, evidente se se cotejou as duas manifs simultâneas.
E se agora, em resultado da longa e maciça contestação em França ao presidente Macron, aparecer um cabecilha dos coletes amarelos que se declara o novo presidente francês, já não vale? Objectivamente, qual é a diferença?
É bom que, se não esqueça, a intensa e permanente tentativa de demonização de Cuba, ao longo de décadas, incluindo a fracassada invasão da Baía dos Porcos e outras malfeitorias menores, para a desacreditar e ao seu regime socialista, onde a saúde, o ensino e a assistência social são gratuitos para todos os cubanos, e Cuba resistiu e resistirá.
Os venezuelanos também tudo farão para defender o seu país e o bem estar do seu povo e não apenas de uma minoria, preservando os seus imensos recursos petrolíferos, da cobiça dos potentados que controlam mundialmente esse produto.

domingo, 20 de janeiro de 2019


«WHIT OR WITHOUT BREXIT?»

O Brexit ou saída do Reino Unido da UE que resultou do sim a um referendo baseado em argumentos falsos que se aproveitou dos sentimentos preconceituosos relativamente a outros países europeus. O seu resultado foi, de imediato, desmistificado ao ponto de hoje, num eventual possível segundo referendo, os britânicos virem a dizer sim à permanência na UE. 
A primeira ministra Theresa May tomou a peito fazer tudo para cumprir o resultado do referendo e congeminou um Acordo com a UE, num documento de mais de 500 páginas que foi fragorosamente derrotado no Parlamento/Câmara dos Comuns. No entanto, à pesada derrota do Acordo seguiu-se, num golpe de teatro, a rejeição por uma diferença de 19 votos, da moção de desconfiança no governo, proposta pelo Partido Trabalhista e, consequentemente, renovou-se-lhe a confiança, até nova ordem, dentro de dias.
Este inesperado acontecimento, tendo em conta o comportamento dos britânicos avesso à perturbação do status quo secular, transformou-se nas ultimas semanas, num reality show, particularmente agressivo e virulento, reconhecível nas imagens transmitidas pelos vários canais televisivos. Elas tiveram o mérito de revelar a Casa em si, espelho do espírito ultraconservador britânico. Com uma configuração anacrónica dos lugares, em apertadas filas paralelas colocam os grupos parlamentares quase em cima uns dos outros. Este Parlamento é presidido numa tribuna, pelo speaker/presidente impetuoso e, perdoe-se-me com todo o respeito a comparação, que mais parece um leiloeiro, numa pratica parecida com um leilão de pescado em qualquer das lotas nacionais. Igualmente relevante é a proximidade, frente a frente, em dois púlpitos, do governo e da oposição. Outro aspecto assinalável, é a reacção dos parlamentares aos berros, perante os argumentos dos adversários.
Por fim, não resisto à favorável comparação entre a configuração secular da sala da nossa Assembleia da Republica e o comportamento dos seus deputados, com aquilo que transpareceu das imagens sobre o Parlamento Britânico.