CURIOSIDADES
FUTEBOLÍSTICAS
Quando ingressei, há quase
nove anos, no Clube onde faço ginástica de segunda a sexta feira, encontrei um
treinador, PT, cujo apelido de origem italiana, fez-me recordar um antigo
atleta do Sporting, durante os anos 60 e 70 do século passado, onde foi figura
proeminente no volei e no atletismo. Lembrei-me, na altura, de interpelá-lo
sobre o seu eventual parentesco com aquele atleta e o jovem/precocemente velho
PT disse-me, constrangido, que não era seu parente e, perante a minha
insistência, decidiu-se a perguntar a sua mãe. Os anos passaram e nada. Achei
estranho o silêncio, mas acabei por entender ou melhor percebi, que não poderia
haver relação familiar porque o dito PT é fanático, doente na verdadeira
acepção do conceito, do Benfica e o atleta em causa tinha sido do Sporting
!!!!!
De cariz semelhante é a
estória de alguém lampião que não admitia, à mesa de sua casa, salada de alface
por ser verde…….e não me admiraria que um lagarto rejeite o tomate e, no caso
de um tripeiro, abominar aqueles dois legumes se provenientes de uma qualquer
horta da 2ª Circular lisboeta.
Conotada com a mesma patologia
é o facto de, no F.C. Porto, as mesas de bilhar terem o pano azul e no Benfica
o dito é vermelho, ou antes, encarnado….Lamentavelmente ainda fica a faltar a
relva dos seus estádios que é verde, a bela coloração das plantas clorofilinas,
a qual poderá um dia ser substituida por relvado sintético mas, desgraçadamente,
também ele é verde e, por isso, terá que ser um peludo tapete de plástico azul para
o FCP e encarnado ou vermelho para o SLB.
No entanto, esta afecção que
cega, afecta todas a côres e clubes, tornando-se gritante nos designados
grandes do futebol português e nalguns pequenos, sempre em bicos de pés para
subirem na classificação, mas cujo tecto para eles é o 4ª lugar. Este fenómeno
muito relevante no tempo do estado velho, com a trilogia Fado, Futebol e Fátima,
foi retomado nos ultimos tempos da democracia, com a eclosão de ódios, expressos
não só de viva voz, como nos cachecóis, em panos e cartazes, em programas
televisivos, ditos de desporto, onde o adversário é o inimigo que nunca tem
razão. Este mau e doentio ambiente tem, por vezes, graves consequências, desde
actos incendiários e ferimentos maiores ou menores até ao homicídio
involuntário ou negligente.
A meu ver, não são as pontuais
medidas de segurança que a PSP impõe nos dias dos jogos que põem côbro ao mal estar
existente, mas sim a alteração radical dos programas televisivos sem
representantes dos clubes que são instigadores de ostensiva rivalidade gratuita
e demonização/endeusamento dos árbitros, passando a ser essencialmente
noticiosos, mais uma acção pedagógica concertada com os organismos federativos,
da Liga e os próprios clubes, cujos responsáveis deixem de ser fautores de
perturbação permanente do fenómeno futebol, o jogo mais apreciado pelos
portugueses.
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