O FILÓSOFO FADISTA
Na minha infância e adolescência angolanas não senti
qualquer atracção pelo fado, antes pelo contrário, desgradava-me. Só passei a «aceitá-lo»
quando, de licença graciosa (trianual para os docentes da nossa Universidade),
estivemos em Portugal em 1970, e fomos ouvir, na casa de fados Lisboa à noite,
Manuel de Almeida e Fernanda Maria.
Entretanto os anos passaram e, em final dos anos 70 do
século XX, comecei a prestar maior atenção a esta forma de música popular lisboeta com
Amália e os dois Carlos, Ramos e do Carmo. Já neste século, surgiu um conjunto
imenso de jovens fadistas excepcionais, uma pleiade de mulheres como Carminho,
Ana Moura, Gisela João (pondo de parte, um espectaculo degradante e
desagradável no Coliseu do Porto, onde participou em 2015) e de homens, à cabeça
Ricardo Ribeiro e Camané.
Ora, depois de um preâmbulo relativo
à minha entrada e fixação no fado, tenho seguido, na Radio, em particular na
Antena 1, o percurso dos atrás referidos. Uma das rubricas radiofónicas minhas preferidas, acontece aos domingos depois das 9h00, o excelente «Sons da lusofonia»
de Edgar Canelas, relevando as suas frequentes pequenas gargalhadas, sempre a
despropósito, onde ele revela ou lembra ou insiste, em fadistas e outros
cantores nacionais e lusófonos.
Neste domingo, foi a vez do
ajudense Ricardo Ribeiro de potente voz, presença, filosofia e dedicação à
cultura, com a sua ultima obra intitulada «Hoje é assim, amanhã não sei». Como
sempre, ele recitou exemplarmente letras dos seus fados e respectivos autores,
enaltecendo, quase sempre, as ideias do prof. Agostinho da Silva que perfilha e solta
também reflexões profundas sobre os temas e sobre a vida de que destaco hoje: «Eu sou
como a meteorologia, hoje estou assim, amanhã talvez não».
Creio que se coaduna com ele,
Ricardo Ribeiro, o epiteto de filósofo fadista ou fadista filósofo.
Ainda podem ouvir «Os sons da
lusofonia», não percam, vale bem a pena.
Concordo plenamente. Bjs
ResponderEliminarConcordo plenamente. Bjs
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