VOTAR,
UM DEVER CÍVICO, UMA OBRIGAÇÃO DEMOCRÁTICA
O desencanto quanto à política
e aos políticos, tem atingido muitos portugueses, ao ponto de declararem que
não confiam em ninguém, nomeadamente nos políticos, nos deputados, nos
governantes, nos autarcas e tão pouco nos partidos políticos, isto é, metem
todos no mesmo saco, como relapsos, corruptos, mentirosos, sem escrúpulos e
tantos outros epítetos, mais ou menos ofensivos.
Esta interpretação baseia-se
em que fundamentos?
Em primeiro lugar, os
comportamentos e atitudes de políticos desonestos, acusados de corrupção,
nepotismo, abuso de autoridade e tantos outros crimes, alguns já transitados em
julgado, e numerosos outros, cujos processos se arrastam há anos, aguardando pela
decisão da Justiça, situação que também põe em causa o funcionamento e a
eficiência dos tribunais, acrescendo ao descrédito da opinião publica sobre o
estado actual do país.
Contudo, quantos são os
acusados ou indiciados? São dezenas, uma ou duas centenas quando, os outros
políticos, são socialmente impolutos, desde as mais de três centenas de
deputados, aos membros dos partidos e associações cívicas, aos milhares, é profundamente
injusto e de má fé, duvidar da sua honestidade e probidade, pois que a
esmagadora maioria é gente de bem, digna de todo o respeito e consideração,
pelos portugueses.
Para o estado actual da
opinião pública negativa quanto aos políticos e à política, contribuem os
media, nalguns casos quotidianamente, como o Correio da Manha, o jornal mais
vendido e seu canal televisivo, com recordes de audiência, bem como os outros
canais televisivos, incluindo os públicos, que formatam uma sociedade onde a
iliteracia e o preconceito são preocupantes. Quantas vezes se destroI, sem piedade,
a reputação de quem ainda não foi julgado, a qual nunca será recuperada na
íntegra, mesmo se acabarem por ser considerados inocentes.
Em resultado deste status quo,
tem surgido um irresponsável apelo à abstenção ou ao voto em branco e/ou à
votação em organizações partidárias não tradicionais, demagógicas,
fundamentalistas, populistas e de extrema direita, usando-se preferencialmente
as chamadas redes sociais, como o facebook e outras que influenciam milhões de
portugueses.
Os debates televisivos, nos
vários canais públicos e privados, têm mostrado a tendência referida, quer a
desconfiança pelos partidos tradicionais e a erupção dos fundamentalistas, de
que me permito destacar aquele que pôs frente a frente, na RTP1, Rui Rio pelo
PSD/PPD e André Silva pelo PAN. O presidente do PSD, imperdoavelmente, não se
preparou para este debate, ao desconhecer o programa eleitoral do seu
interlocutor, o qual evidenciou o contrário, isto é, estar a par do programa do
PSD deixando-se, aquele, enlear por sucessivas rasteiras, algumas sem
fundamento, de André Silva, ao mesmo tempo que este deixou claro o seu
fundamentalismo, demagogia, impreparação e uma certa irresponsabilidade ao
abordar temas nacionais com grande leviandade. O colossal e pretensioso
programa do PAN tem cerca de 1200 artigos, que assustou quem o leu, ainda que
em diagonal.
Como não tive oportunidade,
nem disponibilidade, nem capacidade para digerir tal calhamaço, limitar-me-ei a
abordar os pontos seguintes:
1.
Porque me diz respeito como médico veterinário,
embora marginalmente, pretende o
PAN, criar em cima do joelho, um SNS para cães e gatos, pela comovente
preocupação com os velhinhos e seus únicos companheiros, os animais de
companhia, à custa das instituições de saúde animal existentes, publicas e
privadas, sem a sua avaliação e sem ter consultado os responsáveis das mesmas
pondo, uma vez mais, o bem estar animal no topo e nada dizendo ou propondo
sobre o bem estar humano.
2.
Vem a
propósito chamar a atenção para a demagogia usada para aliciar os amigos dos
animais, afectados por uma febre que se tornou moda com implicações de toda a
ordem, ao pôr o bem estar animal a par, ou mesmo, acima do humano. A ideia
peregrina, com base na lamechice, de impedir todas a actividades com animais,
assim como pôr em causa toda a produção animal, sem sucedâneos, essencial à
alimentação humana e animal, irresponsavelmente esquecendo o seu tremendo
impacte social e económico
3.
A inaceitável imposição,
sem alternativa, de refeições exclusivamente vegetarianas em todos os
estabelecimentos do Estado!!!!!!!!!, um ditatorial fundamentalismo irracional,
causador de desequilíbrio nutricional por se abolir da alimentação a essencial
proteína animal.
Além do PAN, partido de criação
recente e representatividade diminuta, outras organizações ditas partidárias
surgiram, como cogumelos, umas meramente demagógicas e nada credíveis, mas
outras têm procedimentos intolerantes e intenções racistas, tentando o
aproveitamento abusivo de conotação futebolística e ainda outras, claramente pró
fascistas.
Com todos as suas imperfeições
e defeitos é indiscutivelmente melhor a democracia, cuja base são os partidos
políticos, isto é, não há democracia sem partidos políticos, cujas
convergências e divergências são dirimidas na Assembleia da Republica, a nossa
casa da Democracia.
Concluindo, é imperativo ter
presente a extrema importância de, no próximo dia 6 de Outrubro, ir votar para
que se elejam os deputados à Assembleia da Republica que suportarão o futuro
governo do país, cortando o passo à demagogia,
à irresponsabilidade e à intolerância, que o tornariam ingovernável e
insuportável.