FLAGRANTES
DESTA VIDA REAL
Recordo-me
das Selecções do Reader’s Digest, revista que o meu pai assinava e
eu lia quando adolescente, em particular a rubrica onde eram relatados casos
mais ou menos insólitos, conteúdo que agora recupero, para ilustrar situações semelhantes
que ocorrem em Portugal.
- Começo por um caso que eclodiu há dias nos media, relacionado com a insólita reacção de um fazedor de opinião, ex-dirigente partidário, ex-candidato à presidência da Câmara de Lisboa, mergulhador no Tejo, putativo candidato a presidente da republica, perante a sua exclusão a candidato a candidato às próximas presidenciais pelo chefe do seu partido que alegadamente o considerou catavento e de opiniões erráticas, em face desta opinião ofensiva, «aceitou» abnegada e bovinamente tal veto….
- O imbróglio sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, dois anos depois de estarem parados, a acumular prejuízos, com o governo a recusar o investimento necessário à sua reactivação, com a sua obscura subconcessão pelo ministro da defesa a uma empresa privada sem currículo na matéria, implicando o despedimento de mais de 600 trabalhadores, continua por esclarecer e o ministro mantém-se imperturbável.
- A discussão em plenário da Assembleia da Republica, na semana passada, da coadopção e a despudorada fabricação de um referendo por um garoto inconsistente e néscio, obviamente, a mando do seu chefe, pois o assunto fora discutido na reunião da comissão política do partido, é o retrato de que certos deputados não merecem sê-lo, bem como de chefes sem categoria nem inteligência. Por outro lado, a imposição da disciplina de voto, para um tema como o que estava na mesa, é lamentável e antidemocrática, insólito a que acresceram as infelizes e farisaicas declarações de voto, depois de terem votado favoravelmente. Por ultimo, a atitude do CDS, parceiro falso e sem escrúpulos, da coligação governante, ao abster-se, camuflando-se do seu perene conservadorismo reaccionário que teve como exemplar máximo o deputado Morgado que Natália Correia ridicularizou.
- Realço agora o caso de um programa de rádio, presente no ar desde o século passado, intitulado «O amor é…» que vai para o étér de 2ª a 6ª feira, depois das nove da manhã, durante 5-10 minutos, beneficiando ainda de mais 60 minutos ao fim de semana. Fazem parte do elenco do «Amor é...(a maior parte dos programas mereceria antes o título de O sexo é…»), um conhecido psiquiatra com saber enciclopédico, émulo de Gregorio Marañon, e uma jornalista que se cumprimentam afectuosamente, como acontece nos últimos tempos, iniciando-se com a saudação seguinte: Olá Juliiiiiinho…». Penso que no panorama actual da rádio portuguesa «O amor (sexo) é…» é o programa com maior longevidade e não se esqueça que também já esteve na televisão, com periodicidade idêntica à da rádio. Arrisco-me a prever que ele perdurará por muitos e bons anos.
- Uma notícia de hoje, a preceder o encontro dos mais ricos do planeta em Davos, é aterradora e espelha uma injustiça que continua a crescer em paralelo com o marcado aumento da probreza, ao concluir-se que metade da riqueza mundial é pertença de 1%, um por cento, da população. Em Portugal, cujos governantes e sua maioria são amantes do ultraliberalismo, o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior, com os amorins, soares, azevedos, etc., etc.,a encher-se à tripa fôrra à custa da crise fomentada todos os dias.
- O governo criou um grupo de trabalho independente (ah!ah!ah!) que lhe possibilitará fundamentar o corte definitivo das pensões da CGA. É doentio o ódio com que o governo e sua maioria perseguem os funcionários públicos e os pensionistas da CGA .