quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O ESTADO MÍNIMO

Victor Gaspar ministro das finanças, é antes ministro do orçamento, como o apodou o Prof. Adriano Moreira, porque a sua única preocupação é o orçamento e o défice. Este insensível membro do governo acha que os portugueses não podem continuar a ter o estado social porque, antes de mais nada, é preciso reduzir a despesa e, portanto, vão acabar por perder o direito a ele.
É espantosa a desfaçatez deste homenzinho que veio lá das profundezas da CE com o encargo expresso de desfazer tudo aquilo que foi construído pela democracia, isto é, a seguir ao 25 de Abril de 1974, em benefício dos portugueses e de Portugal. Ele faz lembrar o Botas quando veio da sacristia como salvador da pátria e depois deu no que deu, contribuindo para o grande atraso em relação ao mundo civilizado, de mais de 50 anos. Este Gaspar seguirá o mesmo se não travado a tempo.
Senão vejamos, a Segurança Social é sustentada pelo orçamento do estado? Não, não é. São os trabalhadores que a alimentam com os descontos que lhes são feitos ao longo da sua vida activa e, agora, na situação de reformados e pensionistas. Porque é que ela está em risco? Porque são cada vez menos os que para ela descontam, já porque no contexto criado por este governo (e pelos anteriores) o grande objectivo foi a precarização do emprego, com o uso e abuso dos recibos verdes, cujos trabalhadores não contribuem para a segurança social. Da segurança social é também retirado o subsídio de desemprego que tem sido activamente fomentado pela política errada do governo. Por outro lado, os recursos da segurança social são desviados para outros fins por quem nos tem desgovernado. São estas as principais razões responsáveis da descapitalização da segurança social.
O que está em causa é a clara opção ideológica que norteia o governo actual, à cabeça o ministro Victor Gaspar, obcecados pela implantação do estado mínimo, com a primazia do privado. A radical política de saúde actual conduziu ao quase desaparecimento do Serviço Nacional de Saúde em favor do sector privado. Também na Educação o estado mínimo está em curso, prejudicando seriamente as famílias com o lançamento no desemprego de milhares de professores, provocando o retrocesso do processo educativo nacional.
Dentro da mesma linha de actuação destruidora avoluma-se o desejo explícito de rever a Constituição da República no sentido de se apagar qualquer vestígio do 25 de Abril. Ainda hoje um qualquer patrão dizia, a propósito das greves parciais nos portos, é preciso acabar com as greves, pô-los a trabalhar e, acrescento eu, nas condições mais favoráveis, isto é, sem direitos e com muito baixos salários.
Privatizar, privatizar é a preocupação máxima deste governo e, senão nos precatamos, privatizam a Casa da Moeda, o Banco de Portugal, as reservas de ouro e tudo o que for rentável. Como interrogava o outro, já agora, porque não privatizam as mães deles?

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