domingo, 14 de outubro de 2012

A IGREJA SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO PODER


A hierarquia da Igreja Católica portuguesa habituou-nos à sua predilecção pelo poder, tão abjectamente obscena no reinado salazarento e particularmente em Angola, mas também nas outras colónias. Não esqueço, a propósito, algumas estimáveis excepções, como as dos então bispos do Porto e da Beira em Moçambique e dos muitos padres que remaram contra a maré, em defesa da liberdade de expressão, no combate ao racismo e em prole dos desfavorecidos, principalmente dos africanos negros. A sua execrável actuação estava em sintonia, nos mais pequenos pormenores, com o status quo de então. Recordo uma preciosidade daquele tempo, a rejeição de casais não casados pela Igreja Católica para padrinhos de baptismo de crianças ou adultos. Ser casado pelo civil era considerado um mero concubinato.
Trago à colação este tema na sequência da triste e lamentável alocução do patriarca de Lisboa, senhor José Policarpo, contra as manifestações indignadas e decididas, levadas a cabo por muitos milhares de cidadãs e cidadãos que sofreram e sofrem a actuação deste governo que não respeita nada nem ninguém e que através de austeridade sobre austeridade reduz drasticamente salários, pensões e benefícios sociais, empobrecendo a maioria, esquecendo-se sempre de taxar os ricos que continuam a engordar à tripa fôrra.
Ora o senhor patriarca fez aquilo que o seu antecessor Cerejeira não enjeitaria, embora o seu dislate seja mais grave porque vivemos (ainda) em democracia, ao afirmar que as manifestações dos indignados e fartos desta política esbulhadora não levam a parte nenhuma, deixando implícita a sua clara defesa do governo e da sua orientação destruidora.
Caladinhos, não há motivos para reivindicar seja o que for, os governantes estão no caminho certo, eles é que sabem, não sejam mal agradecidos: patriarca dixit, parado no tempo! Eu já ouvi isto, só faltou a invocação do inferno, o castigo de Deus e a ameaça de excomunhão.

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