A PROPÓSITO DO DESAPARECIMENTO DE MÁRIO
SOARES
O
mais relevante de Mário Soares, a meu ver, foi a sua luta antifascista contra
um regime terrorista, opressivo e obscurantista, cujo mentor, Salazar, um
salafrário fanático que se recusou a cumprir os ventos da História, sendo por
isso o principal causador da descolonização apressada e dolorosa de Angola que
afectou milhares de portugueses e angolanos. Assim, é profundamente injusto e
injustificado acusá-lo de responsável por aquele processo, quando ele se
limitou a cumprir as prioridades do 25 de Abril, com as quais esteve de acordo,
as exigências do povo colonizado, os insistentes desejos manifestados publicamente
pelo povo português e a opinião publica internacional.
Mário
Soares foi um português de grande prestígio internacional, ocupou cargos relevantes
no país e no estrangeiro.
Mário
Soares criou as condições para a entrada do país na CEE, embora sem prévia discussão
pública e cujas consequências foram parcialmente positivas mas com aspectos
negativos significantes, nomeadamente a perda de soberania e consequente submissão
aos ditâmes de Bruxelas, dos «donos» da Europa comunitária e dos usurários financiadores,
hoje por demais evidentes.
Em
várias ocasiões discordei de MS e, entre outras, não me esqueço que, graças a
ele, Portugal foi um dos últimos países a reconhecer o governo de Angola, porque
se aliou à direita rejeitando entendimentos com a esquerda, ainda porque
impediu a eleição de Manuel Alegre e, a consequência mais gravosa, possibilitou
a nefasta presença de Cavaco como presidente da republica, o pior dos eleitos
em democracia.
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