terça-feira, 10 de janeiro de 2017


A PROPÓSITO DO DESAPARECIMENTO DE MÁRIO SOARES

O mais relevante de Mário Soares, a meu ver, foi a sua luta antifascista contra um regime terrorista, opressivo e obscurantista, cujo mentor, Salazar, um salafrário fanático que se recusou a cumprir os ventos da História, sendo por isso o principal causador da descolonização apressada e dolorosa de Angola que afectou milhares de portugueses e angolanos. Assim, é profundamente injusto e injustificado acusá-lo de responsável por aquele processo, quando ele se limitou a cumprir as prioridades do 25 de Abril, com as quais esteve de acordo, as exigências do povo colonizado, os insistentes desejos manifestados publicamente pelo povo português e a opinião publica internacional.

Mário Soares foi um português de grande prestígio internacional, ocupou cargos relevantes no país e no estrangeiro.

Mário Soares criou as condições para a entrada do país na CEE, embora sem prévia discussão pública e cujas consequências foram parcialmente positivas mas com aspectos negativos significantes, nomeadamente a perda de soberania e consequente submissão aos ditâmes de Bruxelas, dos «donos» da Europa comunitária e dos usurários financiadores, hoje por demais evidentes.

Em várias ocasiões discordei de MS e, entre outras, não me esqueço que, graças a ele, Portugal foi um dos últimos países a reconhecer o governo de Angola, porque se aliou à direita rejeitando entendimentos com a esquerda, ainda porque impediu a eleição de Manuel Alegre e, a consequência mais gravosa, possibilitou a nefasta presença de Cavaco como presidente da republica, o pior dos eleitos em democracia.

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