domingo, 7 de agosto de 2022

 300.000.000

É imperativo ter presente de que, neste planeta Terra, 300 milhões de pessoas falam português, i.é., trata-se do 6º idioma mundial e é o principal no Hemisfério Sul.

Impressionou-me ouver (ver e ouvir) uma intelectual grega lembrar e falantes de inglês e francês, que os portugueses andaram por todo o mundo e, os gregos, também foram longe, até à India, e enquanto que o idioma grego, base cultural dos europeus e de outros povos, pioneiro da democracia, da filosofia, do teatro, da democracia, actualmente, só é falado na Grécia, enalteceu o facto de que o português é falante na Europa, na América do Sul, em África, na América do Norte, na Ásia.

Em àparte, aquela senhora grega referiu que quando se decidiu, nos EUA, qual o seu idioma oficial, o inglês ganhou ao grego por um voto!!!

Concluindo, perante o descrito sobre um pequeno país da península ibérica e no extremo da Europa, as portuguesas e os portugueses, têm mais esta razão a acrescer a muitas outras, para sentirem auto-estima que, muitas vezes, subestimam, ou mesmo, não reconhecem.

terça-feira, 28 de junho de 2022

 BRANQUEAR O IMBRANQUEÁVEL

Há acontecimentos que marcaram e continuam a marcar gerações, a minha, a anterior à minha e as posteriores a ela. Um deles é a guerra colonial e a descolonização de Angola, tema recentemente aflorado nas redes sociais, particularmente no FB/Meta, em várias tentativas de branquear os malefícios para o país, para os portugueses e para os povos coloniais, do chamado Estado Novo, decalcado do corporativismo fascista mussoliniano por António de Oliveira Salazar, desgraçadamente, durante 40 anos e que se prolongou com o indeciso Marcello Caetano, num total de quase meio século.
A mais recente abordagem deste tema foi através da divulgação de uma listagem exaustiva de actividades industriais, agrícolas, pesqueiras, etc., etc., já existentes em em Angola em 1974, pretendendo-se com isso contrariar uma alegada afirmação de que a colónia era um território subdesenvolvido.
Acontece que não se deve, nem se pode, escamotear a realidade angolana, marcada por uma marcante data histórica, o ano de 1961, isto é, quando se iniciou a guerra colonial em Angola, rastilho que se propagaria às outras colónias portuguesas.
Assim, há que considerar o período anterior a este marco histórico, o ano de 1961, e o que se lhe seguiu.

1. Antes de 1961 a colónia de Angola era um território subdesenvolvido, também do ponto de vista humano, relativamente à maioria da população.
Lembremo-nos pois, primeiro que tudo, das gritantes desumanas condições de vida da maioria da população, vivendo em habitações precárias, sem saneamento básico nem água canalizada, auferindo salários miseráveis, sem direitos de cidadania, submetida a contratos impostos sem quaisquer regalias, além da discriminação racial e social. 

Relevemos alguns significativos aspectos particulares da situação vigente, antes de 1961:
1.1. A rêde rodoviária, na sua quase totalidade constituída por estradas de terra batida, sujeitas à inclemência meteorológica, enquanto que apenas existiam pouco mais de 100kms de estradas asfaltadas, Luanda a Catete 60, Lobito a Benguela 30 e Luanda a Cacuaco 12.
1.2. Relativamente à educação, o ensino publico primário publico existia em quase todo o território, o secundário confinava-se às cidades principais e o universitário não existia.
1.3. O fraco desenvolvimento da indústria, da agricultura, das pescas.

2. Depois de 1961, o governo colonial acordou do confrangedor marasmo prevalecente e pretendeu, tardiamente, recuperar o tempo perdido. Assim, a governação foi alterada profundamente e é retrato disso:
2.1. Relativamente à maioria da população melhoraram as suas condições de vida e deu-se uma atenuação cosmética, «para inglês ver», da discriminação racial e social, de resto pretensamente consumada no sêlo de povoamento, com 3 caras, de um negro, um mestiço e de um branco.
2.2. Na educação expandiu-se o ensino secundário público e o universitário, surgiu em 1963 com os Estudos Gerais Universitários de Angola, EGUA, tendo um polo central em Luanda e polos descentralizados em Nova Lisboa/Huambo com os Cursos de Medicina Veterinária e Agronomia e Silvicultura e em Sá da Bandeira/Lubango os Cursos de Letras.
2.3. Em 1974 a rêde de estradas asfaltadas era então de 10.000kms!!!
2.4. Ao longo dos anos até 1974 surgiu uma longa lista de novas empresas em todos os domínios de actividade empresarial que fervilhava em todo o território, com repercussão internacional.

Importa recuar agora aos anos 40 e 50 do século XX, quando se consumou o futuro próximo de Angola, marcado pela criminosa obstinação de Salazar, na defesa doentia do ridículo «Portugal uno e indivizível, do Minho a Timor...» ignorando os ventos da História com o fim inexorável do colonialismo e da exploração colonial.
Naqueles anos, representantes de povos das colónias, nomeadamente Amílcar Cabral da Guiné e Cabo Verde, Agostinho Neto de Angola e Marcelino dos Santos, propuseram a Salazar que se entabulasse negociações para a preparação da autodeterminação e ulterior independência das colónias portuguesas, pedido que foi liminarmente por ele rejeitado.
Assim, tudo o que se passou na sequência desta recusa, a guerra colonial com milhares de mortos, estropiados e famílias destroçadas e a descolonização que afectou tremendamente centenas de milhar de portugueses e angolanos, são da responsabilidade exclusiva de António de Oliveira Salazar, pois os seus reverentes acólitos eram meros seus paus mandados. 
Vem a propósito referir que, os saudosos do antigamente, quiseram reescrever a História, para acusar o 25 de Abril de 1974 e os governos que se lhe seguiram, porque nunca aceitaram a independência da colónia e porque aquela  guerra estava ganha e Angola teria continuado Portugal...
A concluir, quero deixar expresso que nasci em Angola em 1937 e ali vivi até 1955, ano em que terminei o liceu e porque não havia Universidade, vim para Portugal onde me licenciei em 1961, tendo regressado em 1962 e ali permaneci até 1975. Vivi pois em Angola e Portugal, o tempo do chamado Estado Novo, o período negro das Histórias de Portugal e de Angola 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020


A AQUACULTURA UM RISCO PARA A HUMANIDADE???

Acabo de ler uma notícia falsa sobre o alimento mais tóxico do mundo a que se associa a imagem de uma jaula flutuante usada em salmonicultura. Esta perseguição à aquacultura, começada há tempos, vem-se agudizando numa campanha cada vez mais virulenta de fundamentalistas sem escrúpulos. Há uns meses escrevi o artigo abaixo que vos trago e que foi publicada no site da OTC (Organização dos Trabalhadores Científicos)

O fundamentalismo é mais uma forma de fanatismo, com peso de lóbi nos centros de decisão, nomeadamente na UE.
Agora está na moda o «bem estar animal», acima ou ignorando, o bem estar humano.
Por absurdo, por esta visão catrastrofista, acabaríamos por ser vegetarianos Vegan, até que se conclua que as plantas têm sentimentos….
Hoje em dia o pescado, particularmente o peixe, é considerado um alimento de eleição pelo seu alto valor nutritivo, aconselhando-se a sua ingestão, pelo menos 2 vezes por semana.
Acontece que o produto da pesca, industrial e artesanal, tem diminuido, anotando-se perdas significativas desde meados do século XX e a tendência é para se acentuar, pois é um recurso limitado ao contrário do que parecia.
Esta percepção «obrigou» a olhar-se para a produção de pescado em cativeiro, isto é, aquacultura, desde finais do séc. XIX, particularmente de salmonídeos (salmões e trutas) e no séc. XX ela teve um incremento considerável, particularmente a partir da segunda metade, anos 60, na qual se produziram 6,5 milhões de toneladas (MT), A produção mundial da aquacultura em 2014 atingiu os 90,4 MT, sempre em crescendo e aproximando-se da produção pesqueira (93,7 MT) para a ultrapassar antes de 2050. Para este valor cerca de 50% é de peixes (marinhos e de água dôce), 30% de algas e o restante pescado que inclui moluscos, crustáceos, etc.
Sem a produção aquícola, o pescado, com os peixes em particular, seria um produto de luxo, isto é, apenas ao alcance dos ricos. Basta comparar os preços dos produtos da aquacultura com os da pesca, numa relação de 1:5.
Quaisquer peixes como os moluscos (ostra, mexilhão, ameijoa) e os crustáceos (camarão, lavagante, lagostim de água dôce) são susceptíveis a doenças, situação que se agudiza na produção em cativeiro com grande concentração de animais. Ora o objectivo primordial em aquacultura, como na pecuária, na avicultura, etc., é prevenir, impedir a entrada dos agentes de doença e sua ulterior disseminação.
Assim, a eventual prescrição preventiva e curativa de medicamentos em aquacultura, como em toda a produção animal, é uma prerrogativa do médico veterinário especialista, cuja ética profissional o obriga a respeitar o bem estar animal, a saúde pública e o meio ambiente.
A utilização de outros produtos químicos, potencialmente tóxicos quer para os peixes, como para o consumidor e meio ambiente, tem de obedecer também às estritas regras descritas para os medicamentos. É o caso de alguns pesticidas organofosforados, usados em aerossóis, na luta contra parasitas externos, cujo poder residual na água e sedimentos é mínimo, ou mesmo, nulo e também não se acumula nos peixes, i.é,. sem afectar o consumidor.
Estas regras podem ser postergadas por gente sem escrúpulos o que demonstra a importância vital da vigilância permanente do funcionamento dos estabelecimentos de aquacultura, por parte das Autoridades Sanitária Animal Nacional (o Serviço Veterinário) e Comunitária, em conjunto com a da Protecção do Meio Ambiente e dos Recursos Vivos Aquáticos.
A Noruega, o maior produtor mundial de salmão atlântico cultivado, país reconhecidamente civilizado, tem montada toda a estrutura competente atrás referida e não facilita em serviço, sob pena de ver ruir toda a sua gigantesca indústria salmonícola.
O vídeo do alegado ecologista norueguês é um arrazoado alarmista, inconsequente e irresponsável. Se aquela aplicação de pesticida em aerossol que ele mostra, durante a qual os tratadores usam (óbviamente) máscaras e impermeáveis, é tão virulenta que mata os peixes todos que depois são consumidos, como subsiste ainda a salmonicultura e quantos milhares de consumidores já teriam morrido pelo consumo do produto contaminado?
Sobre o Pangasius, o peixe-gato vietnamita, amplamente cultivado no Vietname, é exportado em filetes para a Europa e outros continentes, estando sujeito obrigatoriamente a um contrôlo laboratorial apertado antes de ser vendido para consumo. Também neste caso pode, eventualmente, haver comerciantes sem escrúpulos que não obedecem aos preceitos estabelecidos, mas isso está nas mãos das autoridades ditas competentes.
Jaime Menezes
Paço de Arcos, 16 de Maio de 2016

terça-feira, 14 de abril de 2020




O BILHETE DA TAAG

Ao chegar ao Laboratório de Hematologia do Hospital Universitário de S.Paulo, onde concluía um estágio de preparação para doutoramento, na manhã de 25 de Abril de 1974, circulavam insistentes rumores sobre a eclosão de um golpe de estado em Portugal, desconhecendo-se quais os seus mentores, temendo-se que se tratasse de uma iniciativa da ultra direita civil e militar, descontentes com a ambiguidade e a proverbial indefinição do primeiro-ministro Marcello Caetano.
Entretanto, fui recebendo vários telefonemas, entre os quais de minha mulher, todos eles relacionados com o mesmo sobressalto até que, pela rádio, ficámos a saber que não se confirmava o mau agoiro admitido e exultámos então com o cariz progressista do acto revolucionário eclodido, enquanto que nos beliscávamos repetidamente, temendo ainda uma eventual reviravolta.
Perante o inesperado, mas há muito desejado acontecimento, todo o planeamento de vida futura ficou posto em causa, pois que a prioridade passou a ser o contributo para a democratização do país, de todas as suas instituições, com repercussão óbvia nas colónias, nomeadamente em Angola, a minha terra e dos nossos filhos.
Antevia-se o fim do receio do ouvido amplificador dos bufos, da hipocrisia do selo de povoamento e da província ultramarina, do ridículo Portugal do Minho a Timor, e mais que tudo a perspectiva de libertação dos povos português, angolano e das outras colónias, até então negada pela doentia obstinação de Salazar que rejeitava os ventos da História com o fim ao colonialismo.
Assim, de imediato, regressei à minha Faculdade para saborear in loco a liberdade e integrar-me nas imperativas transformações para a já referida democratização da nossa Universidade,
O planeado doutoramento, sobre hematologia de bovinos, com um estágio preparatório sob a direcção do Prof. Gil da Costa da Faculdade de Medicina de Luanda, no Hospital Universitário de S.Paulo, que iria ser prosseguido na École Vetérinaire d’Alfort, em França, sob a orientação do Prof. Petit, ficou adiado sine diae, porque considerei prioritários os objectivos atrás referidos. Pelas mesmas razões foi igualmente suspenso o estágio sobre técnicas de electroforèse aplicáveis em hematologia bovina, nesta mesma École, destinado a minha mulher, Mª Amália.
Desde logo decidimos, o corpo docente da Faculdade, preparar a realização da eleição universal da Comissão Directiva, pelos trabalhadores, estudantes e docentes.
Neste propósito, importa salientar a importância dos movimentos de libertação, FNLA, UNITA e MPLA, avultando a grande implantação sociológica regional da UNITA, por razões tribais e religiosas.
Duas listas foram então constituídas e apresentadas a sufrágio, evidenciando-se desde logo, na sua constituição, as simpatias pelos movimentos de libertação. Uma das listas, a A, era composta por apoiantes dos dois primeiros, UNITA e FNLA, e a outra, a B, sem conotação política expressa, embora integrando simpatizantes do MPLA.
Desta eleição resultou a surpreendente vitória da Lista B para a constituição da Comissão Directiva da Faculdade de Medicina Veterinária do Huambo, tendo como presidente o Prof. Penha Gonçalves e eu próprio como vice-presidente, os dois primeiros nomes da lista concorrente, representantes dos docentes.
Assim, o pleito eleitoral contrariou as previsões que apontavam para uma vitória esmagadora da lista A, quando saíu vencedora a lista B, resultado que frustrou as hostes da UNITA, particularmente o seu chefe Jonas Malheiro Savimbi que, de seguida, instigou a prática de atitudes de intimidação de toda a gente, levando-o a invadir e interromper assembleias gerais em curso. A clara opção do eleitorado viria a repetir-se em 1975 o que causou grande mal-estar em Savimbi e nos seus seguidores.
A nova Comissão Directiva, foi por mim presidida, tendo como vice-presidente José Augusto Resende
Estes repetidos resultados explicam-se com o conhecimento adquirido pelos trabalhadores, a maioria dos eleitores, dos componentes das duas listas, secundarizando deste modo as suas preferências tribais e políticas. De resto, o desempenho das duas Comissões Directivas eleitas, promotoras da humanização dos quadros de pessoal técnico e auxiliar, eliminando a discriminação racial praticada na Função Publica da colónia, e remunerando em função das capacidades profissionais de cada um, independentemente da sua etnia, movimento político ou religião, decisões que, indubitavelmente, terão justificado a repetida escolha feita pela maioria dos eleitores trabalhadores
Entretanto, a coexistência entre as três organizações político-militares, MPLA, FNLA e UNITA rompera-se, a guerra civil eclodiu e implantou-se em todo o território. Neste contexto belicista, a 9 de Agôsto de 1975, a UNITA apoderou-se do Huambo e expulsou ou assassinou os dirigentes e alguns simpatizantes do MPLA.
Perante esta realidade e a atitude hostil de Savimbi manifestada através das manobras atrás referidas, em certa altura visando-me pessoalmente com provocações indirectas ao «tipo dos olhos azuis», decidimos, minha mulher e eu, por uma questão de segurança, encarar o abandono de Nova Lisboa com os nossos filhos.
De imediato, deslocámo-nos ao Lobito, onde fretámos uma avioneta e com as duas filhas mais velhas, Alexandra e Paula fui eu para Luanda, e elas seguiram para Portugal na companhia do Engº Passos de Carvalho e família, enquanto que minha mulher, Mª Amália, regressava de carro a Nova Lisboa com os nossos filhos Pedro e Catarina, com a companhia do meu amigo e futuro colega Carlos Soares da Silva e, noutra viatura, o meu colega e grande amigo Salvador Ribeiro. Posteriormente, retornei, por via aérea, a Nova Lisboa
Aproveitando por mero e feliz acaso, em dias sucessivos, aviões da Força Aérea Portuguesa que transportava militares da UNITA expulsos das regiões controladas pelo MPLA e no regresso deram boleia a quem pretendia abandonar a cidade, Assim viajaram para Luanda a minha mulher e os nossos dois filhos mais novos, Pedro e Catarina, acompanhadas pelo meu colega e amigo José Carlos Veiga Pinto e família.
No dia seguinte, foi a minha vez de partir, aproveitando ainda um avião da Força Aérea, não sem antes ter verificado, com emoção, que um técnico de laboratório da Faculdade, activista e dirigente da UNITA, depois de olhar para mim, fizera por ignorar-me pois, se assim não fosse, teria de dar-me ordem de detenção.
Ao partirmos de Nova Lisboa, trouxemos a roupa que tínhamos vestida, dois bonecos dos miúdos e um pequeno leitor de cassetes-áudio Sony que eu tinha comprado em Luanda semanas antes. Esta abrupta decisão pressupunha o nosso regresso, num futuro próximo, na esperança de que a paz voltasse brevemente ao Huambo e ao país. Infelizmente a esperança desvaneceu-se e perdemos todos os nossos haveres, incluindo obras-de-arte, literárias e musicais de grande valor estimativo para nós. Posteriormente, ficámos a saber que o acervo referido foi tomado por um dirigente da UNITA, no próprio dia da minha saída de Nova Lisboa.
A 14 de Setembro partimos para a Europa com a incumbência do Senado Universitário e do MPLA que então governava o país, para que eu contactasse as entidades homólogas da nossa Faculdade, em Portugal e no estrangeiro, solicitando o apoio à nossa Universidade, em especial à Faculdade de Medicina Veterinária de Nova Lisboa.
Assim, trouxe comigo um volumoso bilhete da TAAG (Transportes Aéreos de Angola) que deveria permitir-me viajar para vários países europeus, antes do nosso regresso a Angola, previsto para Outubro/Novembro seguintes.
 Entrementes, a situação deteriorou-se em Angola e considerava-se eminente a invasão do território, quer pelo norte, a partir do Zaire, por forças militares regulares deste país, comandado por Joseph Mobutu, assessorado por mercenários portugueses, quer a partir do sul pela UNITA sustentada pelo exército sulafricano do apartheid, cujo objectivo conjunto, das duas forças invasoras, era a entrada em Luanda, a expulsão do MPLA e a tomada de poder, com a limpeza dos dirigentes e simpatizantes desse movimento de libertação.
Nesta preocupante perspectiva, decidi não fazer as deslocações programadas a vários países europeus e protelar a viagem de regresso a Angola, até que a situação se aclarasse, perante a instabilidade e a insegurança nele reinantes, tomando como primeira prioridade a segurança dos nossos filhos.
Até à data da declaração unilateral da independência pelo Presidente do MPLA, dr. Agostinho Neto, no dia 11 de Novembro de 1975, a eminência da invasão referida era um facto praticamente adquirido mas, a intervenção militar maciça de Cuba, em apoio às FAPLA, susteve-a e infligiu, a partir desse dia, pesadas derrotas aos invasores que, na retirada em fuga, destruíram tudo quanto encontraram pelo caminho, infraestruturas, estradas, edifícios, explorações agrícolas e pecuárias, etc., etc., numa acção terrivelmente destruidora dos sul-africanos.
O nosso não regresso antes do dia da independência foi interpretado de má fé pelos então dirigentes da Faculdade, alguns deles meus alunos, como um acto de traição ao país, fazendo tábua rasa de todo o meu passado como investigador, docente e como angolano, antes e depois de 25 de Abril de 1974 e posteriormente como dirigente, tendo conseguido convencer disso o Ministro da Educação, Lopo do Nascimento, o qual exarou um despacho impeditivo do meu regresso a Angola, uma cópia que está em meu poder, tal como a correspondência trocada sobre este doloroso assunto.
Não é despiciendo deixar registado que nenhum daqueles dirigentes, acometidos de ultra revolucionarite, que me apodaram malevolamente de traidor, permaneceu em Angola.
Todavia, ainda aguardámos até 1980, a revisão da injustificada e injusta decisão, ano em que acabámos por desistir de regressar, optando por permanecer em Portugal.
Depois de termos decidido assim, o governo português através, da Direcção Geral de Investigação e Protecção dos Recursos Vivos e do Ambiente Aquático e pelo seu Director Geral, dr. Mário Ruivo, perante o meu currículo em investigação das pescas em Angola (Lobito, na Biopescas, da J.I.C.U,) por indicação da dra. Maria de Lurdes Matafome minha colega e amiga e com base no objectivo de promover o desenvolvimento da aquacultura no país, proporcionou-me uma bolsa de estudo no estrangeiro, com vista a uma formação sobre ictiopatologia, tema inexistente nos curricula dos Cursos de Medicina Veterinária portugueses, a base essencial para a prevenção das doenças de peixes em produção animal aquática. Tal desiderato, consumou-se durante o ano de 1977, em França, no Laboratoire d’Ichthyopathologie do INRA, Institut National de la Reherche Agronomique.
Salvo casos muito pontuais de agressividade em relação aos denominados retornados (que eu não era, nem sou) exploradores dos «indígenas», com os nossos quatro filhos reconstruimos a vida familiar, escolar (uma doutorada, uma empresária, um informático director e uma licenciada) e profissional em Portugal, partindo praticamente do zero, em termos materiais e com algumas dificuldades vencidas.
A actividade profissional, de minha mulher foi desenvolvida como técnica de laboratório de histopatologia, de apoio à ictiopatologia e à patologia de moluscos e maneio e produção de zooplâncton, no INIP/IPIMAR e, ainda empenhada actividade sindical.
  No meu currículo consta toda a minha actividade profissional em Portugal como investigador e professor convidado de 4 universidades (Porto, Algarve, Évora e Coimbra), bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, comissário da EXPO 98, representando o Ministério da Agricultura e Pescas e, a nível internacional, como delegado nacional no ICES, International Commission for the Exploration of the Seas, na FAO, Food and Agriculture Organization e, ainda, consultor da JNICT (Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, hoje FCT, Fundação para a Ciência e Tecnologia), da CEE/UE, da R.A. dos Açôres, da Republica de Cabo Verde e da empresa dinamarquesa DANIDA.
Em Agosto de 1998 aposentámo-nos da Função Pública, embora eu tenha continuado a dar minha colaboração docente à Universidade de Évora, até 2017, quando tomei a decisão de interrompê-la, depois de convencer a directora do Departamento de Paisagismo, Ambiente e Planeamento, Profª Maria Ilhéu, com base no progressivo afastamento do meu meio profissional específico e consequente inevitável desactualização de contactos e conhecimentos.
Concluindo, o volumoso bilhete da TAAG que dá o título a esta crónica, mantém-se, em meu poder, intacto, guardado como relíquia, mas permaneci e permaneço, apegado ao meu país de origem que continuo a acompanhar e defender, tanto quanto posso.


sábado, 30 de novembro de 2019

TRAGÉDIA DELIRANTE

Há dias, foi noticiado que o presidente Lula iria ser encarcerado de novo, para cumprir uma pena de 17 anos. Provavelmente terá sido uma notícia falsa mas, mesmo que não se confirme este agoiro, o Brasil actual, sob a batuta do inigualável presidente Bolsonaro, está fora da lei, da moral, da ética, da segurança dos cidadãos, mesmo dos seus apaniguados, senão seguirem à risca a sua infecta cartilha.
Os maiores dislates e decisões ultrapassam os níveis da decência e da responsabilidade de alguém que é chefe de estado, o qual não olha a meios para os justificar, fazendo-se acompanhar de gente da mesma igualha. É sua intenção, diversas vezes ameaçada, de instituir a censura sempre que não lhe agrade alguém da cultura ou da comunicação social, de resto já praticada, como foi o caso da Folha de S,Paulo, excluída da lista de periódicos que o governo recebe.
Bolsonaro tentou persistentemente, contra tudo e contra todos, nomear o seu filho Eduardo, como embaixador nos EUA, cujo currículo era insustentável da capacidade para o cargo e não teve outro remédio senão desistir da nomeação. Este é um claro caso de nepotismo, de tentativa de favorecimento de um familiar.
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento, escolhido para o seu governo, declarou que o sambista Martinho da Vila, reconhecido e apreciado em todo o lado, dentro e fora do país, é um vagabundo que devia ser mandado para o Congo, sem especificar qual, naturalmente porque a sua ignorância racista não o permite.
A propósito dos devastadores incêndios na Amazónia brasileira, o presidente do Brasil acusou o actor Leonardo di Caprio de financiar os fogos que os provocam…Um mínimo de pudor e sentido de estado deveria ter impedido tal imprecação.
Jair Bolsonaro foi eleito por influência directa da IURD, da Igreja Evangélica e de outras seitas, que exploram os seus prosélitos, material e psicologicamente, enquanto vivem que nem nababos, fruto do semi-analfabetismo e obscurantismo da sociedade que os subjuga aos ditâmes daquelas organizações fanatizantes.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019


NAQUELE TEMPO, ERA MESMO ASSIM

Pertenço a um grupo de nascidos em Angola, com mais de 65 anos de idade, isto é, adultos no 25 de Abril de 1974, ali criados numa sociedade desigual, social e economicamente, constituída por duas comunidades separadas por condições de vida extremamente diferentes, uma minoritária, predominantemente de brancos de origem europeia, habitando bairros estruturados, mais ou menos confortáveis e a outra, a larga maioria, de negros e alguns mestiços, sobrevivendo em musseques, aldeias de casebres de pau-a-pique e adobe, sem saneamento básico nem água canalisada, excepto uma bica de água nalgumas delas, na periferia das cidades e vilas, em estado de degradante subdesenvolvimento.
Era mesmo assim, até à década de 60 do século XX.
Ainda não me referi a racismo, porque tal pressupõe a existência de várias raças, quando ficou demonstrado cientificamente que há apenas raça humana que foi-se adaptando, ao longo de séculos, milénios, às diversas condições ambientais, dos locais onde se instalou, em diferentes regiões do globo, o que pode explicar a variabilidade da coloração da sua pele, mais ou menos escura, com tonalidades diversas, embora os chamados caucasianos, designados brancos, tenham coloração da pele rosada, avermelhada, amarelada, portanto não branca.
Contudo, apesar da definição actual de uma única raça humana, limitante da definição de racismo, tal não significa que não existisse, em Angola, discriminação dos homens e mulheres negros, votados a um ostracismo inegável, nas condições socio-económicas miseráveis, atrás referidas, com implicações negativas de toda a ordem, nomeadamente na sua saúde e bem estar.
Salvo uma pequena minoria de negros que eram trabalhadores sem qualificação, empregados do Estado e do Comércio (contínuos, auxiliares de limpeza, empregados de mesa, ardinas, cauteleiros, etc.), elas e eles eram, na sua maioria, serviçais, cozinheiros, criados e lavadeiras, nas casas de brancos e de alguns mestiços, sem direitos de cidadania, com baixos salários e nenhuma protecção social. Vem a propósito referir que a chamada maciça de portugueses da «metrópole», a maioria deles sem qualificação profissional, teve como resultado a competição nos empregos mais baixos (acima citados) com os negros, ultrapassando-os e lançando-os no desemprego, porque o ser branco, mesmo analfabeto, conferia-lhe um estatuto de superioridade.
Assim, era bem evidente a supremacia dos brancos e também de alguns mestiços, filhos daqueles, constituídos numa pequena burguesia, sobre os negros, considerando-se normal a ostensiva sobranceria, com o tratamento por tu para crianças, novos e velhos, alimentação escassa e deficiente, não se tendo ou não querendo ter, consciência da clara segregação social, uma dolorosa e indesmentível realidade. O castigo físico, ou o corte no parco salário, como reprimenda à mais pequena prevaricação ou desleixo, era comum, ou então, a queixa à autoridade administrativa que punia fisicamente ou pelo uso de palmatória/chicote e, eventualmente, trabalho forçado. Outro aspecto do abuso exercido pelo estado, eram os contratos de trabalho, estabelecidos entre a autoridade administrativa, os angariadores e as empresas, sem conhecimento nem consentimento dos trabalhadores contratados, que podiam ser deslocados para longe da família e do seu meio, auferindo montantes irrisórios, muitas vezes perdidos nas cantinas dos empregadores, ao ponto de regressarem a casa, (quando regressavam), com um cambriquito (cobertor) e parcos tostões.
A aparente passividade dos negros perante o abismo socio-económico entre as duas comunidades e a ausência de direitos de cidadania, era condicionada quer pela submissão ancestral à autoridade do colono, como pela repressão policial e pidesca, sobre eles exercida, foi-se esbatendo nas grandes cidades, com a tomada de consciência dos direitos humanos, determinante da crescente revolta, terreno fértil para a intervenção progressiva dos defensores daqueles direitos, da sua emancipação, reivindicação de autodeterminação e independência. Foi assim que, em 1961, se deu a sublevação, apesar de violentamente reprimida, primeiro em Janeiro, na Baixa do Cassange, e depois em Luanda em Fevereiro, que se  iniciou em Angola a Guerra Colonial.
A partir de 1961, tarde e a más horas, Salazar viu-se forçado a mudar a sua política colonial, com a patética frase «para Angola e em força», decretando a mobilização de milhares de soldados e, afectando à acção, vultuosos recursos militares e financeiros. Por outro lado, deu-se início a alterações em toda a governação, tendo-se investido nas diversas actividades económicas, comerciais e industriais, antes bloqueadas, para protecção às empresas majestáticas da chamada «metrópole», persistindo o subdesenvolvimento da colónia. Do ponto de vista social, a educação e o ensino passaram a constituir prioridades e as relações sociais entre brancos e negros foram objecto de medidas cosméticas que se podem consubstanciar no chamado «sêlo de povoamento», onde estavam estampados, um negro, um mestiço e um branco… De facto, tarde demais, tudo melhorou em Angola em resultado da eclosão da guerra, o desenvolvimento da colónia que passou a chamar-se província ultramarina, foi uma realidade indesmentível, reduzindo-se a discriminação social, mas a semente reivindicativa da autodeterminação e independência de Angola, pelos movimentos de libertação, tornou-se imparável.
Não é mero detalhe histórico a referência aos milhares de mortos e estropiados, portugueses e angolanos e famílias destroçadas, porque Salazar se recusou obstinadamente a discutir com os movimentos de libertação, a pedido destes nos anos 40/50 do século XX, para a preparação em devido tempo e nas condições adequadas, da autodeterminação e ulterior independência, o que poderia ter evitado que a descolonização de Angola causasse tanto sofrimento a centenas de milhar de portugueses.
Depois desta resenha, onde procurei evidenciar a discriminação social dos negros em Angola, houve manifestações de intolerância de brancos para negros e progressivamente, como sua consequência, de negros para brancos. Ainda hoje, há quem rejeite que em Angola tivesse existido a discriminação social descrita, não aceitando assumi-lo, quando se trata de uma realidade indesmentível. Não está em causa exigir-se sentimentos de culpa, mas sim o reconhecimento da situação discriminatória, o que revelaria humildade e nobreza perante a História que não se reescreve.
Concluindo, trago uma lamentável ocorrência verificada após as eleições legislativas no passado dia 6, através de uma carta divulgada na net, invectivando Jociane Katar Moreira, hoje deputada à Assembleia da Republica, cujo conteúdo é uma manifestação de intolerância primária por ela ter sido eleita, quando  se faz referência a uma mulher estrangeira e ela é cidadã portuguesa, de côr (qual côr? porquê esta referência?), uma designação da gíria racista, e acabando por acusá-la de racista, ingrata, desrespeitosa e sem vergonha, sem a imperativa fundamentação, relevando por fim a sua gaguez, como se se tratasse de uma inferioridade, quando ela revelou coragem, ao aceitar o desafio, de se tornar porta-voz de um partido, o Livre, que a escolheu.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019


VOTAR, UM DEVER CÍVICO, UMA OBRIGAÇÃO DEMOCRÁTICA
O desencanto quanto à política e aos políticos, tem atingido muitos portugueses, ao ponto de declararem que não confiam em ninguém, nomeadamente nos políticos, nos deputados, nos governantes, nos autarcas e tão pouco nos partidos políticos, isto é, metem todos no mesmo saco, como relapsos, corruptos, mentirosos, sem escrúpulos e tantos outros epítetos, mais ou menos ofensivos.
Esta interpretação baseia-se em que fundamentos?
Em primeiro lugar, os comportamentos e atitudes de políticos desonestos, acusados de corrupção, nepotismo, abuso de autoridade e tantos outros crimes, alguns já transitados em julgado, e numerosos outros, cujos processos se arrastam há anos, aguardando pela decisão da Justiça, situação que também põe em causa o funcionamento e a eficiência dos tribunais, acrescendo ao descrédito da opinião publica sobre o estado actual do país.
Contudo, quantos são os acusados ou indiciados? São dezenas, uma ou duas centenas quando, os outros políticos, são socialmente impolutos, desde as mais de três centenas de deputados, aos membros dos partidos e associações cívicas, aos milhares, é profundamente injusto e de má fé, duvidar da sua honestidade e probidade, pois que a esmagadora maioria é gente de bem, digna de todo o respeito e consideração, pelos portugueses.
Para o estado actual da opinião pública negativa quanto aos políticos e à política, contribuem os media, nalguns casos quotidianamente, como o Correio da Manha, o jornal mais vendido e seu canal televisivo, com recordes de audiência, bem como os outros canais televisivos, incluindo os públicos, que formatam uma sociedade onde a iliteracia e o preconceito são preocupantes. Quantas vezes se destroI, sem piedade, a reputação de quem ainda não foi julgado, a qual nunca será recuperada na íntegra, mesmo se acabarem por ser considerados inocentes.
Em resultado deste status quo, tem surgido um irresponsável apelo à abstenção ou ao voto em branco e/ou à votação em organizações partidárias não tradicionais, demagógicas, fundamentalistas, populistas e de extrema direita, usando-se preferencialmente as chamadas redes sociais, como o facebook e outras que influenciam milhões de portugueses.
Os debates televisivos, nos vários canais públicos e privados, têm mostrado a tendência referida, quer a desconfiança pelos partidos tradicionais e a erupção dos fundamentalistas, de que me permito destacar aquele que pôs frente a frente, na RTP1, Rui Rio pelo PSD/PPD e André Silva pelo PAN. O presidente do PSD, imperdoavelmente, não se preparou para este debate, ao desconhecer o programa eleitoral do seu interlocutor, o qual evidenciou o contrário, isto é, estar a par do programa do PSD deixando-se, aquele, enlear por sucessivas rasteiras, algumas sem fundamento, de André Silva, ao mesmo tempo que este deixou claro o seu fundamentalismo, demagogia, impreparação e uma certa irresponsabilidade ao abordar temas nacionais com grande leviandade. O colossal e pretensioso programa do PAN tem cerca de 1200 artigos, que assustou quem o leu, ainda que em diagonal.
Como não tive oportunidade, nem disponibilidade, nem capacidade para digerir tal calhamaço, limitar-me-ei a abordar os pontos seguintes:
1.     Porque me diz respeito como médico veterinário, embora marginalmente, pretende o PAN, criar em cima do joelho, um SNS para cães e gatos, pela comovente preocupação com os velhinhos e seus únicos companheiros, os animais de companhia, à custa das instituições de saúde animal existentes, publicas e privadas, sem a sua avaliação e sem ter consultado os responsáveis das mesmas pondo, uma vez mais, o bem estar animal no topo e nada dizendo ou propondo sobre o bem estar humano.
2.     Vem a propósito chamar a atenção para a demagogia usada para aliciar os amigos dos animais, afectados por uma febre que se tornou moda com implicações de toda a ordem, ao pôr o bem estar animal a par, ou mesmo, acima do humano. A ideia peregrina, com base na lamechice, de impedir todas a actividades com animais, assim como pôr em causa toda a produção animal, sem sucedâneos, essencial à alimentação humana e animal, irresponsavelmente esquecendo o seu tremendo impacte social e económico
3.     A inaceitável imposição, sem alternativa, de refeições exclusivamente vegetarianas em todos os estabelecimentos do Estado!!!!!!!!!, um ditatorial fundamentalismo irracional, causador de desequilíbrio nutricional por se abolir da alimentação a essencial proteína animal.
Além do PAN, partido de criação recente e representatividade diminuta, outras organizações ditas partidárias surgiram, como cogumelos, umas meramente demagógicas e nada credíveis, mas outras têm procedimentos intolerantes e intenções racistas, tentando o aproveitamento abusivo de conotação futebolística e ainda outras, claramente pró fascistas.
Com todos as suas imperfeições e defeitos é indiscutivelmente melhor a democracia, cuja base são os partidos políticos, isto é, não há democracia sem partidos políticos, cujas convergências e divergências são dirimidas na Assembleia da Republica, a nossa casa da Democracia.
Concluindo, é imperativo ter presente a extrema importância de, no próximo dia 6 de Outrubro, ir votar para que se elejam os deputados à Assembleia da Republica que suportarão o futuro governo do país, cortando o passo à  demagogia, à irresponsabilidade e à intolerância, que o tornariam ingovernável e insuportável.